No início da noite dessa quarta feira (8), após mais de três horas de espera, a multidão à frente do Vaticano, na Praça de São Pedro, viu a fumaça preta. A primeira rodada do Colégio eleitoral dos cardeais não conseguiu chegar a um consenso sobre a escolha do novo papa e a fumaça que saiu da chaminé era negra, como as asas da graúna, sinal de que ainda não “habemus papa”. A escolha final só será sinalizada pela fumaça branca que sairá da chaminé do Vaticano.
A primeira votação do conclave para a escolha do sucessor do Papa Francisco, o argentino Jorge Mario Bergoglio, falecido em 21 de abril de 2025, ocorreu nessa quarta-feira na Capela Sistina, coração do Vaticano, sob os magistrais afrescos do mestre Michelangelo. Neste conclave, que deverá escolher o 267° Papa católico, estarão representantes de 71 países, o que configura o mais amplo e diverso conclave da história da Igreja Católica.
Embora Francisco tenha sido o responsável pela nomeação de 108 dos 133 cardeais com direito a voto, o que equivale a 81% do colégio eleitoral, sempre pode haver imprevistos na escolha do novo pontífice. O Papa Francisco mudou o perfil do colégio cardinalício, com redução da proporção de europeus e aumento de integrantes de outras regiões do mundo, como a Ásia e a África.
Os principais candidatos ao papado, segundo especialistas em Vaticano, são: os cardeais italianos Pietro Parolin, Matteo Zuppi e Pierbattista Pizzaballa, além de nomes de fora da Europa, como o filipino Luis Tagle e o maltês Mario Grech. Mas a escolha final pode sempre recair sobre algum candidato menos cotado, como foi o caso de João Paulo II em 1978 e Francisco em 2013. O cardeal Jean-Marc Aveline, da Argélia, 66 anos, é considerado como o candidato com idéias mais próximas de Francisco.
O ritual para a escolha do novo Papa tem muitos elementos. Após a abertura dos trabalhos com a missa Pro eligendo Pontifice, há uma série de reuniões fechadas para definir quem será o novo papa. Os cardeais deixam de usar telefone, Internet e ter acesso aos meios de comunicação e os funcionários do Vaticano fazem voto de silêncio. Há também um forte esquema de segurança para evitar vazamentos. Os cardeais eleitores farão o juramento de seguir as regras do conclave e de silêncio. Só então começa a primeira votação. O papa precisa ser eleito por dois terços dos 133 cardeais presentes, ou seja, ser votado por 89 participantes.