Edinho Silva foi eleito nesta segunda-feira, 7, presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), após alcançar mais de 60% dos votos na votação interna da sigla. O resultado ainda não foi oficializado pela direção partidária, mas a ampla vantagem consolidou sua vitória. A informação foi confirmada pelo atual dirigente da legenda, senador Humberto Costa (PT-PE), que acompanha o processo de apuração.
A eleição interna do PT ocorreu em um contexto de indefinição em Minas Gerais, um dos estados com maior peso dentro da legenda. O diretório mineiro teve sua votação suspensa por decisão judicial, depois de impugnações apresentadas contra chapas concorrentes. Mesmo com a ausência de votos no estado, a diferença de votos nas demais unidades federativas garantiu a eleição de Edinho sem a necessidade de recontagem ou recursos adicionais.
“O resultado já está definido. A diferença é grande o suficiente para assegurar a eleição de Edinho”, afirmou Humberto Costa. Ainda segundo ele, a expectativa é de que a apuração oficial seja concluída nas próximas horas.
Disputa nacional com ausência de Minas Gerais
A eleição interna do PT ocorre em um sistema descentralizado, com votação nos diretórios municipais e estaduais. Minas Gerais, considerada a terceira maior força eleitoral dentro do partido, teve o processo suspenso por conta de contestações que apontaram supostas irregularidades na formação das chapas. A Justiça decidiu pela interrupção da votação no estado até que os recursos sejam analisados.
Apesar da suspensão, a votação nacional prosseguiu normalmente nos demais estados. A diferença de mais de 60% entre Edinho e os demais concorrentes deixou pouco espaço para reversão. Representantes da Executiva Nacional do partido afirmam que o episódio de Minas não deverá comprometer a legitimidade do pleito.
Perfil do novo presidente do PT
Edson Antonio da Silva, conhecido politicamente como Edinho Silva, tem trajetória ligada ao município de Araraquara, no interior de São Paulo. Nascido em Pontes Gestal, em 20 de junho de 1965, mudou-se com a família para Araraquara ainda na infância. Foi na cidade que iniciou sua atuação política, influenciado pela Teologia da Libertação e pelas atividades pastorais da Igreja Católica.
Filiado ao PT desde 1985, Edinho exerceu funções tanto no Legislativo quanto no Executivo municipal e estadual. Começou a carreira política como vereador em Araraquara, cargo que ocupou por dois mandatos consecutivos entre 1993 e 2000. Em seguida, foi eleito prefeito da cidade aos 35 anos, sendo reconduzido ao cargo em 2004.
No plano estadual, Edinho foi eleito deputado estadual por São Paulo em 2010. Recebeu a maior votação entre os candidatos da coligação. Em 2015, assumiu a chefia da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, no segundo mandato da então presidente Dilma Rousseff.
Após passagem pelo governo federal, Edinho retornou à administração de Araraquara, vencendo as eleições municipais de 2016 e sendo reeleito em 2020. Com isso, soma quatro mandatos como prefeito da cidade.
Durante suas gestões, esteve à frente de programas de participação popular e modernização da gestão urbana, como o Orçamento Participativo e o “Prefeitura nos Bairros”, que descentraliza serviços públicos para regiões periféricas.
Expectativas para o comando do partido
Com a vitória, Edinho assume a presidência nacional do PT em um momento de reorganização interna da legenda. A mudança ocorre em meio a debates sobre a atuação do partido nas eleições municipais de 2024 e na construção de alianças para o cenário de 2026.
Aliados de Edinho afirmam que sua gestão será marcada pelo foco em articulações locais, fortalecimento das bases e intensificação da presença do partido em regiões fora do eixo Sul-Sudeste. A nova presidência também será responsável por conduzir o próximo congresso nacional da sigla, previsto para os próximos meses.
Nos bastidores, integrantes da Executiva afirmam que a escolha de Edinho representa uma tentativa de reforçar o vínculo do PT com sua origem popular e ampliar sua presença em áreas estratégicas. O partido deve ainda discutir sua relação com aliados do governo federal e a estratégia de comunicação para os próximos anos.
Reações e próximos passos
A eleição de Edinho Silva foi recebida com apoio por parte de lideranças regionais e nacionais do PT. Em nota, membros da corrente majoritária do partido elogiaram a trajetória do novo presidente e destacaram sua experiência como gestor e articulador político.
A posse de Edinho deve ocorrer ainda em julho, em cerimônia que reunirá nomes da cúpula petista e representantes de partidos aliados. A nova direção executiva nacional será anunciada junto com o cronograma de atividades da legenda até o fim do ano.
O encerramento oficial da apuração, com a proclamação do resultado, depende agora da consolidação dos dados por parte da Comissão de Organização Eleitoral do PT. Enquanto isso, Edinho já começou a se reunir com integrantes da futura equipe para definir prioridades da gestão.