Confirmar um pagamento com o rosto ou a digital, sem abrir o aplicativo do banco, já não é mais uma cena de ficção. O Pix biométrico será a próxima evolução dos pagamentos instantâneos no Brasil.
Aprovado pelo Banco Central em fevereiro de 2025, ele faz parte da agenda de Open Finance e está sendo apontado por especialistas como a tecnologia com maior potencial para se tornar o novo padrão do setor, ameaçando os cartões de crédito e carteiras digitais.
Pagamentos em menos de 10 segundos, taxas de conversão mais altas e segurança reforçada com biometria colocam o Pix biométrico no cerne de áreas como e-commerce, transporte e delivery.
Experiência sem fricção
O principal diferencial do Pix biométrico está na fluidez. Em vez de redirecionar o usuário para outros ambientes ou exigir o preenchimento de formulários, a autenticação ocorre diretamente com uma leitura facial ou da impressão digital. O pagamento é concluído na mesma tela.
“Estamos falando de um clique para escanear seu rosto ou impressão digital, sem abrir seu aplicativo bancário ou copiar códigos”, afirma César Garcia, CEO da OneKey Payments. Segundo ele, o processo que antes levava até dois minutos agora dura menos de 10 segundos.
A comparação com carteiras digitais como Apple Pay e Google Wallet é inevitável, mas o Pix biométrico vai além ao se integrar diretamente ao sistema bancário e eliminar a etapa de redirecionamento. A transação acontece de forma contínua, o que melhora a experiência e reduz abandonos.
Segurança na era das fraudes
Em um país onde golpes financeiros fazem parte da rotina, a segurança é uma prioridade. Dados de 2024 mostram que mais da metade dos brasileiros foi vítima de fraudes — muitas envolvendo cartões de crédito e códigos falsos de Pix.
Nesse contexto, a autenticação biométrica oferece uma camada de proteção mais robusta. Em vez de dados estáticos, como números ou senhas, o sistema usa traços únicos da pessoa, criptografados e processados com protocolos de segurança avançados.
As informações biométricas não são compartilhadas com terceiros, nem armazenadas como imagens brutas. Tudo é protegido de ponta a ponta, o que torna a fraude muito mais difícil.
Conversão em alta
O abandono de carrinho é um dos principais obstáculos do comércio digital. Segundo a pesquisa Disruptive Payments, da OneKey, 68% dos consumidores latino-americanos desistem da compra ao serem redirecionados durante o pagamento. No Brasil, a taxa média de abandono chega a 80%.
Com o Pix biométrico, esses gargalos são eliminados. A autenticação biométrica está vinculada diretamente à conta bancária do usuário, e a confirmação ocorre em uma única interface. Como resultado, as taxas de conversão podem chegar a 90% — mais que o dobro do que é registrado em fluxos tradicionais com QR Code.
Modelos de negócio que dependem de agilidade, como o varejo online e o setor de apostas, devem ser os primeiros a se beneficiar dessa nova forma de pagamento.
Fácil adoção, alto potencial
Outro fator que acelera a expansão do Pix biométrico é sua compatibilidade com o sistema já existente. Qualquer loja que aceita Pix pode ativar a funcionalidade sem necessidade de mudar sua estrutura. O sistema aproveita tanto a infraestrutura bancária quanto os leitores biométricos já presentes nos smartphones.
Do ponto de vista técnico, não há barreiras significativas. O modelo é escalável e já nasce com alcance nacional, o que o posiciona como uma ameaça real aos sistemas tradicionais de pagamento.
Com esse avanço, grandes instituições do setor também começam a se movimentar. A Visa, por exemplo, anunciou recentemente a criação de uma instituição própria voltada à iniciação de pagamentos via Pix. A entrada de gigantes no mercado é um sinal de que o Pix biométrico pode deixar de ser tendência e passar a ser regra.
Um novo padrão para pagamentos
O Pix biométrico ainda está em fase inicial de adoção, mas o cenário indica uma mudança de padrão. Rápido, seguro e nativo no ambiente digital, ele atende às expectativas do consumidor moderno — que busca agilidade, simplicidade e proteção contra fraudes.
A combinação entre usabilidade e segurança pode tornar essa solução não apenas uma alternativa ao Pix tradicional, mas a principal forma de pagamento no Brasil nos próximos anos.