A prática de bombardear hospitais, usada pela ditadura sionista de “Israel” em Gaza e no Líbano, foi estabelecida pelos Estados Unidos, que a emprega desde a Guerra da Coreia (1950-1953). A reportagem do sítio investigativo MintPress News intitulada With Yemen Attack, US Continues Long History of Deliberately Bombing Hospitals, escrita por Alan MacLeod, expõe como o imperialismo norte-americano destruiu instalações médicas em uma dezena de países desde pelo menos a Guerra da Coreia (1950-1953), violando abertamente a Convenção de Genebra, sob o silêncio de governos e órgãos de imprensa.

Planejados para desestabilizar populações, esses ataques são replicados por “Israel” com o mesmo objetivo de aterrorizar a tenaz Resistência Palestina. No Iêmen, em 2025, a potência imperialista intensificou bombardeios a centros de saúde, agravando a crise humanitária do país árabe. Abaixo, reproduzimos trechos traduzidos da reportagem de MacLeod, mostrando como o bombardeio do Hospital Oncológico Al Rasool Al-Azam em Saada, no Iêmen, segue um método de terror tão antigo quando criminoso:

“Esse não foi um incidente isolado. Oito dias antes, em 16 de março, Washington lançou 13 ataques aéreos distintos contra o edifício, destruindo sistematicamente os cinco blocos do hospital.”

Como destacado por MacLeod, a barbárie promovida pelas forças norte-americanas tem sido denunciada como crime de guerra por entidades médicas locais. A destruição não mira apenas a estrutura física, mas age como tentativa de aniquilar qualquer resquício de esperança em meio ao cerco.

O Fundo Anti-Câncer, organização médica ligada ao governo local, classificou os ataques como crimes de guerra evidentes. Em sua declaração, a instituição denunciou que os bombardeios ultrapassam o simples ataque aéreo, tratando-se de execuções sistemáticas com o propósito de exterminar a vida e a dignidade dos palestinos.

“O Fundo Anti-Câncer, uma organização médica do governo local, descreveu os acontecimentos como um claro ‘crime de guerra’. ‘Esses ataques não são apenas bombardeios aéreos, mas execuções sistemáticas, destinadas a eliminar a esperança e a exterminar a vida em meio a um bloqueio sufocante’, afirmou em comunicado.”

Casos semelhantes já ocorreram sob governos anteriores dos Estados Unidos. Durante o governo Trump, o exército norte-americano bombardeou um hospital em Raqqa, na Síria, empregando fósforo branco — substância química proibida para uso contra civis — e deixando dezenas de mortos.

Oficiais do Crescente Vermelho relataram que pelo menos 20 ataques distintos foram realizados contra o hospital sírio, atingindo geradores de energia, ambulâncias e enfermarias. Ao menos 30 civis foram mortos, alguns devido aos efeitos do fósforo branco, arma proibida  que causa falência dos órgãos e danos respiratórios.

“Em agosto de 2017, o próprio governo Trump bombardeou um hospital em Raqqa, na Síria, supostamente utilizando munições de fósforo branco. Oficiais do Crescente Vermelho relataram que os EUA realizaram 20 ataques distintos ao hospital, atingindo seus geradores, veículos e alas, reduzindo o local a escombros. Pelo menos 30 civis foram mortos, alguns provavelmente pelos efeitos do fósforo branco, que causa danos respiratórios e falência dos órgãos.”

Os alvos médicos estão na mira dos Estados Unidos há décadas. No Afeganistão, em 2015, o bombardeio deliberado de um hospital da ONG Médicos Sem Fronteiras demonstrou o desprezo total do imperialismo pelas leis internacionais. A localização da unidade havia sido entregue previamente aos militares, mesmo assim ela foi atacada.

A destruição do centro de trauma de Kunduz foi uma ação premeditada. O hospital era um dos maiores e mais novos da região e, mesmo com a coordenada exata em mãos, a aviação norte-americana o reduziu a ruínas. Mais de 40 pessoas foram mortas, entre médicos, pacientes e acompanhantes.

“Em 2015, a Força Aérea dos EUA conduziu uma campanha de bombardeio contra um hospital da organização Médicos Sem Fronteiras em Kunduz, no Afeganistão. O centro de trauma, um dos maiores e mais reconhecíveis edifícios da cidade, foi deliberadamente atacado; os Médicos Sem Fronteiras já haviam fornecido às forças armadas suas coordenadas precisas.”

Em determinado ponto, MacLeod critica o ex-presidente norte-americano Barack Obama, um dos presidentes mais bajulados pela imprensa imperialista:

“O bombardeio de Kunduz em 2015 foi um momento único na história, pois foi a primeira vez que um vencedor do Prêmio Nobel da Paz (Barack Obama) bombardeou outro (Médicos Sem Fronteiras).”

O Iraque também foi alvo dessa política genocida. Em 2003, durante a invasão de Bagdá, os Estados Unidos bombardearam um hospital materno mantido pela organização Crescente Vermelho. A unidade era uma das poucas opções acessíveis para as famílias da classe trabalhadora da capital iraquiana.

A destruição da maternidade — responsável por cerca de 35 partos diários antes da invasão — deixou dezenas de mortos e feridos, incluindo médicos. Após o ataque, a UNICEF registrou um aumento alarmante na mortalidade materna, consequência direta da ausência de cuidados obstétricos na cidade.

“Talvez nenhum país no século XXI tenha sentido tanto a fúria de Washington quanto o Iraque. Os ataques dos EUA à infraestrutura civil foram frequentes, e os hospitais não foram exceção. Talvez o exemplo mais notável seja o bombardeio de abril de 2003 ao Hospital de Maternidade do Crescente Vermelho, em Bagdá. Mísseis norte-americanos atingiram o complexo hospitalar no centro da cidade, matando vários e ferindo pelo menos 25 pessoas, inclusive médicos.”

A carnificina não começou com a “guerra ao terror”. Em 1999, aviões da OTAN liderados pelos Estados Unidos lançaram bombas de fragmentação sobre um hospital e mercado em Nis, Iugoslávia. O armamento, atualmente banido pelo direito internacional, matou ao menos 15 pessoas e feriu mais de 60.

Duas semanas depois, outro hospital foi bombardeado na capital Belgrado. Mães e recém-nascidos foram resgatados dos escombros por voluntários durante a madrugada. As bombas destruíram boa parte da ala de maternidade e deixaram mais mortos.

“Quatro anos antes, em maio de 1999, aviões da OTAN liderados pelos EUA lançaram bombas de fragmentação sobre um mercado e hospital ao ar livre na cidade de Nis, Iugoslávia, matando ao menos 15 pessoas e ferindo outras 60, segundo o diretor do hospital. Bombas de fragmentação são atualmente proibidas pelo direito internacional.”

De forma ainda mais descarada, os Estados Unidos destruíram, em 1998, a maior fábrica de medicamentos do Sudão. A justificativa: uma suspeita de ligação com Bin Laden, jamais comprovada. O ataque deixou o país à mercê de epidemias e doenças tropicais, sem antibióticos nem remédios contra a malária.

O bombardeio reduziu a fábrica Al-Shifa a escombros. Era responsável por mais da metade da produção farmacêutica sudanesa. O resultado foi o colapso do sistema de saúde pública no país africano.

“Em 1998, em resposta aos recentes atentados de Osama bin Laden contra embaixadas norte-americanas no Quênia e na Tanzânia, o presidente Bill Clinton ordenou um ataque à fábrica de medicamentos Al-Shifa, no Sudão. Catorze mísseis de cruzeiro atingiram a planta, transformando o que era o maior produtor de medicamentos do país em uma pilha de metal retorcido. A fábrica produzia mais da metade dos medicamentos do Sudão, incluindo antibióticos e remédios contra malária e diarreia.”

MacLeod destaca que se a linha do tempo for estendida, episódios ainda mais brutais aparecem. Em 1983, durante a invasão de Granada, aviões norte-americanos bombardearam um hospital psiquiátrico. O governo Reagan negou o ataque até que provas irrefutáveis obrigaram Washington a admitir sua culpa.

A imprensa estimou inicialmente 20 mortos, mas investigações posteriores apontaram que o número real era mais que o dobro. Os doentes mentais internados no hospital foram mortos sob os escombros.

“Em outubro de 1983, durante a invasão norte-americana da ilha, aviões de guerra dos EUA atingiram o Hospital Psiquiátrico de Richmond Hill, em Granada. A administração Reagan inicialmente tentou negar o ataque antes de finalmente reconhecer sua culpa. Dezenas de pessoas ficaram feridas e pelo menos 20 foram mortas, embora o The New York Times tenha sugerido que o número real de mortos era mais do que o dobro.”

Se o Afeganistão parece próximo, o Iraque talvez seja ainda mais representativo da política de destruição de serviços de saúde pelos EUA. Em abril de 2003, em pleno centro de Bagdá, o hospital materno da organização Crescente Vermelho foi bombardeado por mísseis norte-americanos, matando médicos e pacientes e ferindo ao menos 25 pessoas.

O hospital, voltado para a classe trabalhadora e com preços acessíveis, realizava em média 35 partos por dia. A destruição dessa unidade foi um golpe certeiro contra a sobrevivência da população civil e sua reprodução social.

“Talvez nenhum país no século XXI tenha sentido tanto a fúria de Washington quanto o Iraque. Os ataques dos EUA contra infraestrutura civil foram frequentes, e os hospitais não foram exceção. Talvez o exemplo mais notório tenha sido o bombardeio, em abril de 2003, do Hospital Maternidade do Crescente Vermelho, em Bagdá.

Mísseis americanos atingiram o complexo no centro da cidade que abrigava o hospital, matando várias pessoas e ferindo pelo menos 25, incluindo médicos.

O hospital, de caráter beneficente, era crucial para fornecer atendimento acessível aos trabalhadores, cobrando dez vezes menos do que as clínicas privadas da cidade. Antes da invasão, o local se destacava como uma maternidade de excelência, com média de 35 partos diários. O Unicef registrou uma alta acentuada na mortalidade materna após o ataque, em parte pela ausência de atendimento obstétrico em Bagdá.”

A destruição do Hospital Maternidade do Crescente Vermelho afetou diretamente a taxa de mortalidade materna no Iraque. Segundo o Unicef, houve uma disparada nos casos de mortes evitáveis, especialmente entre mulheres e recém-nascidos.

Trata-se de uma guerra contra as condições mínimas de existência. A política de terra arrasada, aplicada desde a invasão do Vietnã, nunca foi abandonada. O que mudou foi apenas o cinismo da propaganda oficial. A justificativa não é mais “combater o comunismo”, mas “defender a democracia” — ou, como no caso de Gaza, “combater o terrorismo”.

Em 1999, durante a guerra contra a Iugoslávia, os EUA atacaram um hospital em Belgrado, capital do país. O bombardeio matou ao menos três pacientes e feriu outros muitos. O argumento? Alvo militar legítimo. Mesmo que houvesse suspeita da presença de tropas no local — o que nunca foi comprovado —, atacar uma unidade de saúde com pacientes internados é um crime de guerra segundo qualquer convenção internacional.

Os EUA, lembra MacLeod,  nunca foram julgados por isso. O Tribunal Penal Internacional só funciona para julgar africanos e inimigos do regime.

“Em 1999, durante os bombardeios da OTAN contra a Iugoslávia, um hospital em Belgrado foi atingido por mísseis americanos, matando três pacientes e ferindo vários outros.

Washington alegou que o hospital estava sendo usado como escudo humano por tropas sérvias — alegação que jamais foi comprovada. Nenhum tribunal internacional investigou o incidente.”

A estrutura da propaganda imperialista é tão cínica que consegue transformar criminosos de guerra em heróis da “liberdade”. Assim, Barack Obama bombardeia hospitais e ganha o Prêmio Nobel da Paz. Os Médicos Sem Fronteiras têm seu centro destruído e, mesmo assim, voltam a negociar com os responsáveis. O Hospital Al-Awda é reduzido a escombros, e o mundo finge que não viu.

“Enquanto a destruição de um hospital ucraniano provoca comoção global, o bombardeio de unidades médicas no Iraque, Afeganistão ou Gaza por forças norte-americanas ou israelenses é rotineiramente ignorado ou justificado. Essa seletividade demonstra como a lógica colonial segue viva — vidas em países oprimidos valem menos.”

A conclusão de MacLeod é que os Estados Unidos são os maiores destruidores de hospitais do planeta. Nenhuma outra potência tem um histórico tão amplo, sistemático e impune de atacar unidades de saúde civis.

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Last Update: 16/04/2025