O procurador-geral Luís Carlos Barbosa quer esperar terminar as eleições municipais 2024 para dar andamento às denúncias contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. O argumento seria que as acusações contra Bolsonaro poderão interferir em candidatos bolsonaristas.
Bolsonaro é alvo de, pelo menos, 25 investigações, na Justiça Eleitoral, no Supremo Tribunal Federal (STF) e em instâncias menores. Na Suprema Corte, são 5 os inquéritos que já tramitam de maneira mais avançada: o que apura a tentativa de golpe de Estado, o que envolve as milícias digitais, dos atos golpistas de 8 de janeiro, a de fraude no cartão de vacinas e a venda das joias árabes.
Estes processos seriam julgados pelo STF ainda neste ano, mas dependem, apenas, da apresentação das denúncias pela Procuradoria-Geral da República. Boa parte deles têm inquéritos da Polícia Federal também em andamento e prestes a serem concluídos.
Mas após a conclusão, a PF remete estas peças acusatórias à PGR, que é responsável por apresentar a denúncia que dá início, então, ao julgamento pela Justiça.
Mas o calendário oficial das eleições 2024, que começou a correr na última sexta-feira (16), poderá interferir na agenda de processos contra Bolsonaro.
Isso porque, na prática, a defesa de Jair Bolsonaro pode alegar que haveria motivação política para processar o ex-mandatário, diante da influência do político nas eleições municipais e candidatos deste ano.
Em julho, por exemplo, a PF concluiu o inquérito de Bolsonaro sobre as joias milionárias, acusando o ex-mandatário de peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro na tentativa de venda. E em março, a PF terminou o inquérito contra Jair Bolsonaro sobre a fraude do cartão de vacinas.
Sobre esta última peça, o procurador Luís Carlos Barbosa pediu mais diligências sobre o caso. A medida foi interpretada como uma tentativa de “ganhar tempo” ou, ainda, tornar a acusação ainda mais sólida.