O consumo das famílias brasileiras cresceu 2,25% no primeiro bimestre do ano, comparado com o mesmo período de 2024. Mas, em fevereiro, a retração foi de 4,25% na comparação com o mês anterior. O movimento é considerado normal pela presença de gastos com transportes, tributos, mensalidades escolares e outros, concentrados nesse período.

Para Márcio Milan, vice-presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), apesar do recuo pontual, o resultado anual positivo reflete fatores como o reajuste do salário-mínimo, os recursos dos programas de transferência de renda e a melhora do mercado de trabalho.

Os resultados surgem impulsionados por uma série de ações voltadas para renda que impactam diretamente na capacidade de compra, especialmente de alimentos. Entre os principais estímulos:

– O Bolsa Família chegou a 20,55 milhões de famílias, disponibilizando 27,61 bilhões de reais no período;

– O Auxílio-Gás destinou 575 milhões de reais para 5,42 milhões de famílias;

– O reajuste do salário-mínimo gera um incremento de 106 reais no orçamento mensal dos trabalhadores;

– O Pagamentos do PIS/Pasep: começou, em fevereiro e deve gerar de 30,7 bilhões de reais a serem pagos durante o ano;

–  O pagamento em 31 de janeiro do lote residual de IR, com um valor total de cerca de 864,8 milhões de reais;

– As requisições de Pequeno Valor (RPVs) do INSS: 3,9 bilhões de reais foram destinados a aposentados e pensionistas, no bimestre.

A perspectiva para o trimestre é boa, segundo a Abras. Novos estímulos, como o programa Pé de Meia e o crédito consignado para trabalhadores, podem reforçar a renda voltada ao consumo de alimentos. Mesmo com a inflação de alguns produtos, os recursos tendem a recompor o poder de compra das famílias.

Os ovos fritam o cenário

O consumo aumentou, mas ainda estamos pisando em ovos com os preços de dois itens cotidianos na mesa dos brasileiros. Um acompanhamento de preços da própria Abras aponta que em fevereiro a cesta ampla – composta por 35 produtos, aumentou 0,73%. O produto campeão na corrida inflacionária foi o ovo, que subiu 15,39%. O café torrado e moído aumentou 10,77%. Em 12 meses o aumento desse item foi de 66,19%.

As boas notícias ficam por conta da redução de preços em diversos itens: feijão (-3,33%), óleo de soja (-1,98%), arroz (-1,61%), farinha de mandioca (-1,61%), leite longa vida (-1,04%), açúcar refinado (-0,28%) e massa sêmola de espaguete (-0,16%).

Coelhinho inflacionado

A expectativa para a Páscoa é de crescimento entre 8% e 12% no volume de vendas. No entanto, os preços continuam em alta. Os ovos de chocolate registraram aumento de cerca de 14% apenas em fevereiro, e a tendência é de novas altas nas próximas semanas.

Uma eventual queda de preços pode se dar somente na última semana antes da data. O sábado que antecede a Páscoa deve concentrar cerca de 20% das vendas de ovos de chocolate e outros itens.

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Last Update: 25/03/2025