“Criar essa data é afirmar valores, elevar a autoestima congadeira e fazer do Brasil um país cada vez mais multicultural e multirracial”,
O plenário da Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira (25), o projeto de lei (PL 2379/23), de autoria da deputada federal Dandara Tonantzin (PT-MG), que cria o Dia Nacional do Congado e do Reinado, a ser celebrado anualmente em 7 de outubro. A iniciativa visa reconhecer e valorizar as tradições afroculturais do Congado e do Reinado, manifestações que expressam a resistência, a fé e a ancestralidade do povo negro no Brasil. “Criar essa data é afirmar valores, elevar a autoestima congadeira e fazer do Brasil um país cada vez mais multicultural e multirracial”, afirmou Dandara.
O projeto, que segue para a apreciação do Senado, busca estabelecer um marco comemorativo para exaltar a cultura preta, centenária e popular, reforçando o papel dos congadeiros e das congadeiras como protagonistas dessa expressão cultural, A deputada Dandara agradeceu aos idealizadores e incentivadores desse projeto, Zezão Capitão do Congo Sainha e o Capitão do Belém Ramon Rodrigues e in memoriam Deny Nascimento, presidente da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito de Uberlândia. “Esse é um tardio reconhecimento da viva intervenção da negritude na cultura nacional”, enfatizou a parlamentar.
A deputada Erika Kokay (PT-DF), que relatou a proposta na Comissão de Cultura da Câmara, explicou que o projeto faz o resgate do congado, resgate do reinado, “resgate do que este povo brasileiro tem de resistência que se dá através da magia das expressões culturais”. Ela destacou que o Brasil resistiu a toda forma de escravização e resiste a todas as opressões. “Por isso nós estamos aqui para dizer sim a esta proposição, em nome do povo brasileiro. Viva as suas expressões culturais! Viva a nossa condição de resgatarmos a nossa ancestralidade, as nossas memórias!”, comemorou.
O deputado Helder Salomão (PT-ES) também destacou a importância do projeto que resgata o congado e reinado, “que são expressões da cultura brasileira, da cultura afro-brasileira, que combinam elementos religiosos, culturais, musicais”. Ele citou que essas expressões culturais são originárias de várias regiões de Minas Gerais, mas que se espalharam pelo Brasil, em especial pelos estados de São Paulo, Goiás, Rio de Janeiro, Bahia e Espírito Santo.
A deputada Benedita da Silva (PT-RJ) defendeu a aprovação do projeto e relembrou que o congado e o reinado são manifestações, de décadas e séculos, em Minas Gerais. “Aliás, o congado nasceu no ali em Minas e tem ligação religiosa, por conta da Igreja Católica, que faz as manifestações, com suas músicas, suas danças. O reisado está ligado ao dia 6 de janeiro, quando se comemora o Dia de Reis”, explicou.
Tradições do Congado e do Reinado
Originárias principalmente em Minas Gerais, mas com forte presença em estados como São Paulo, Goiás, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Bahia, as tradições do Congado e do Reinado têm raízes que remontam ao período da escravidão e ao pós-abolição. Essas manifestações combinam elementos religiosos, culturais e musicais, funcionando como instrumento de resistência à opressão e preservação da identidade afro-brasileira.
Organizados em ternos, guardas e irmandades, os grupos realizam festas e procissões em homenagem a Nossa Senhora do Rosário, padroeira do Congado e do Reinado, celebrada justamente em 7 de outubro. Por meio de danças, cores, som dos tambores, cantos e rituais, essas manifestações fortalecem laços comunitários, promovem a fé e reafirmam a luta e a coragem do povo negro.
“Queremos garantir que essas tradições não sejam esquecidas. O Congado e o Reinado são parte fundamental do patrimônio cultural brasileiro, e a criação dessa data fortalecerá a luta do povo negro e a valorização das suas contribuições para o país”, reforçou Dandara.
“Pra vocês terem noção a tradição do Congado em Uberlândia remonta a 1881 que antecede a própria fundação da cidade, oficialmente estabelecida em 1888. Essa manifestação cultural é um verdadeiro testemunho da resistência e da rica herança afro-brasileira que perdura há mais de um século”, finalizou Dandara.
Equipe PT na Câmara, com assessoria de Comunicação da deputada Dandara
