O Banco Central (BC) atuou no mercado cambial na manhã de terça-feira, 17, ao anunciar um novo leilão à vista de dólares. A medida foi tomada após a moeda norte-americana atingir o pico de R$ 6,16 na abertura do mercado.
O leilão, com liquidação prevista para a próxima quinta-feira, 19, envolve um lote mínimo de 1 milhão de dólares para pagamento à vista.
Logo após a abertura do mercado, o BC anunciou a venda de 1,2 bilhão de dólares em um leilão não programado. No total, foram vendidos sete lotes com taxa de corte de R$ 6,1005.
Os movimentos da autoridade monetária têm sido mais frequentes nas últimas semanas, impulsionados pela disparada do dólar. A expressiva alta da moeda se deve, entre outros motivos, à descrença do mercado financeiro em relação à viabilidade do pacote de cortes de gastos anunciado pelo governo Lula (PT).
De acordo com o BC, houve uma “desancoragem adicional” nas projeções cambiais, exigindo, assim, maior atuação da instituição.
Mesmo após dois leilões realizados na segunda-feira e um na última sexta-feira, 13, o BC não conseguiu conter o avanço da moeda norte-americana. O próprio Comitê de Política Monetária (Copom) destacou que “a desancoragem das expectativas de inflação é um fator de desconforto comum a todos os membros” e que “deve ser combatida”.
Como o BC atua no mercado cambial
A oferta de dólares à vista é uma maneira de interferir diretamente no câmbio. A venda da moeda norte-americana busca equilibrar a oferta e a demanda e, neste caso específico, conter a alta expressiva do dólar.
Até o início deste mês, o BC havia realizado apenas um leilão durante o terceiro mandato de Lula. Embora a moeda estrangeira tenha registrado altas pontuais nos últimos meses, o movimento recente é significativamente mais intenso.
Por um período – de 2013 a 2018, especificamente – o BC não atuou no mercado de dólar à vista. Nos anos seguintes, porém, a instituição precisou intervir, o que resultou na redução das reservas cambiais do país.
Dados do BC indicam que, em 2018, as reservas brasileiras chegaram a 374 bilhões de dólares. No final de 2022, a cifra caiu para cerca de 324 bilhões. Contudo, a curva se inverteu, e o Brasil voltou a acumular reservas, atingindo atualmente cerca de 360 bilhões de dólares.
O Brasil adota o sistema de câmbio flutuante, o que significa que o preço da moeda é determinado pelo mercado. Assim, as intervenções do BC tendem a ser pontuais, ocorrendo em momentos de alta volatilidade.
Para o futuro, o próximo presidente do BC, Gabriel Galípolo, destacou que o Brasil não deve “segurar o dólar no peito”. “Tem US$ 370 bilhões de reserva, por que não segura no peito? Mas quem está no mercado sabe que não é assim que funciona”, afirmou Galípolo.