Dados de vários levantamentos revelam que problemas de segurança pública persistem no país há décadas, sendo o Rio de Janeiro uma das capitais com os índices mais alarmantes sobre o tema. Em meio à proximidade das eleições municipais, pesquisadores do Instituto de Estudos Comparados em Administração de Conflitos da Universidade Federal Fluminense (INCT- InEAC – UFF) listam uma série de alternativas possíveis de serem traçadas pelas futuras gestões.
De acordo com os pesquisadores, a falta de políticas preventivas, voltadas para administrar conflitos, é o principal ponto que precisa ser transformado no Rio, sendo que as modalidades de violência letal merecem especial menção.
“Esta situação tem como pano de fundo uma política genocida contra os pobres, em áreas de pobreza, como ocorre nas favelas. Tudo isso, em nome de uma ideologia denominada por ‘guerras às drogas’. Esta última legitima o abandono de questões igualmente graves, envolvendo a segurança da população, e serve de senha para que as polícias sigam reprimindo e vitimando as populações mais carentes”, explicou antropólogo Lenin Pires, diretor do Instituto de Estudos Comparados em Administração de Conflitos (IAC/UFF).
Só no território fluminense, por exemplo, as vítimas contumazes da violência letal são homens jovens, negros e pardos, de idade entre 12 e 29 anos de idade, que correspondem a 50,2% dos homicídios de um universo onde 76,9% dos mortos são negras e, principalmente, negros, segundo dados da série histórica do Atlas da Violência, o Instituto de Pesquisas (Ipea) e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).
Outro ponto de atenção foram os dados de violência contra a mulher. Em 2022, foram registrados 221.240 casos de agressões contra meninas e mulheres. Já os crimes de feminicídios totalizaram 1.313 vítimas no mesmo ano, conforme o Atlas da Violência.
Neste sentido, primeiramente, para os pesquisadores, é importante não permitir que as agências municipais de segurança pública se vinculem ao mais do mesmo. “Como temos assistido ao longo das últimas quatro décadas, significa apenas uma escalada acelerada em direção ao precipício da violência, das ilegalidades alcançando áreas do próprio Estado e, por fim, uma crescente ameaça política ao ideal democrático construído às duras penas”, destacou Pires.
Com um trabalho de pesquisa desenvolvido há mais de 15 anos, os pesquisadores do INCT- InEAC – UFF identificam os desafios e também as formas de construir caminhos para a área tanto do ponto de vista teórico, bem como a própria aplicação, a partir do âmbito municipal.
“Produzimos tecnologia social, ou seja, conhecimento que se estrutura na interação com as pessoas e que pode ser apropriado por elas. Então, não só estamos propondo o que fazer, mas como fazer, sobretudo no que diz respeito à formação de profissionais na área da segurança pública”, contou o antropólogo Roberto Kant de Lima, coordenador do INCT-InEAC.
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