Com Margareth Menezes à frente, Ministério da Cultura é reconstruído

“O ministério foi recriado e agora temos investimento, capilaridade e responsabilidade. Estamos entregando políticas públicas estruturantes que colocam a cultura no centro do desenvolvimento”

Deputada Denise Pessôa (PT-RS), presidente da Comissão de Cultura da Câmara – Foto: Bruno Spada / Câmara dos Deputados

Sob a liderança da cantora e gestora cultural Margareth Menezes, o Ministério da Cultura voltou a ocupar protagonismo no governo federal após anos de desmonte e desprezo institucional. Em sessão na Comissão de Cultura na Câmara dos Deputados, presidida pela deputada federal Denise Pessôa (PT-RS), nesta quarta (30), a ministra apresentou um balanço da reconstrução da pasta, apontando os principais avanços desde que assumiu o cargo no terceiro mandato do presidente Lula.

“O ministério foi recriado pela terceira vez, e agora temos investimento, capilaridade e responsabilidade. Estamos entregando políticas públicas estruturantes que colocam a cultura no centro do desenvolvimento”, afirmou a Margareth. Durante o desgoverno Bolsonaro, o MinC foi extinto e rebaixado à secretaria, perdendo autonomia e capacidade de formulação de políticas públicas. A pandemia de Covid-19 agravou a precarização do setor, deixando trabalhadores da cultura entre os mais impactados e os últimos a retomar suas atividades.

Ministério da Cultura

A pasta tem atuado em três frentes principais: ampliação do acesso ao fomento cultural, marcos regulatórios e retomada da infraestrutura cultural. “A Lei Paulo Gustavo foi uma salvação emergencial durante a pandemia, repassando R$ 3,8 bilhões para 100% dos estados e 98% dos municípios. Já a nova Lei Aldir Blanc, permanente, está levando fomento cultural a lugares que nunca tiveram acesso”, ressaltou Menezes. Segundo a ministra, os primeiros R$ 3 bilhões da Aldir Blanc já foram distribuídos, e a segunda parcela está em execução.

Leia mais: Com o voto do PT, Câmara aprova projeto sobre repasses da Lei Aldir Blanc para a cultura

Margareth também detalhou a modernização da Lei Rouanet, desmentindo informações distorcidas sobre valores captados. “Não existe R$ 18 bilhões de verba pública. Isso é o somatório dos projetos apresentados. O orçamento é regulado pelo Ministério da Fazenda. Criamos mecanismos como a Rouanet Favelas, Rouanet Juventude e Rouanet Norte e Nordeste para democratizar o acesso ao fomento cultural”, explicou. Entre 2023 e 2024, a captação aumentou 260% na região Norte e 117% no Centro-Oeste.

Impacto na cultura

Além do fomento, a pasta tem investido em retomada de equipamentos públicos, com 289 CEUs das Artes reativados e 199 novos projetos culturais selecionados pelo PAC. Os MovCEUs, veículos adaptados itinerantes com estrutura de biblioteca e cinema, já circulam por regiões onde nunca houve equipamento cultural. A ministra celebrou ainda a plataforma digital Escola Solano Trindade (Escult), com mais de 95 mil matrículas e 13 mil certificados emitidos.

No setor audiovisual, Margareth anunciou a criação da plataforma de streaming pública Tela Brasil, que será lançada em junho com 100% de conteúdo nacional. A política para o cinema brasileiro também avançou: “Reativamos o Conselho Superior de Cinema e investimos R$ 4,8 bilhões no setor. A indústria do audiovisual já movimenta 129 mil empregos e R$ 24 bilhões no PIB”, afirmou.

Direito constitucional

Durante audiência, a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) criticou os ataques a pasta durante gestão do inelegível Bolsonaro, e exaltou a condução do Governo Lula e da ministra Margareth Menezes na valorização da pasta, o ministério hoje representa a “expressão de um direito constitucional, de uma economia viva e da existência subjetiva do povo brasileiro”.

Rosário também chamou a atenção dos parlamentares do Rio Grande do Sul que não reconheceram o valor da pasta para o estado. A parlamentar relembrou que graças ao apoio do governo federal, 450 mil famílias gaúchas receberam auxílio emergencial, 250 mil agricultores foram atendidos e todos os setores produtivos, inclusive o cultural, foram beneficiados com injeções de recursos para reconstrução do estado. “Por que é que a cultura não deveria ser apoiada?”, questionou.

Comida na mesa

Deputado Jorge Solla. Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

O deputado federal Jorge Solla (PT-BA) destacou a relevância econômica da cultura no país. “Estamos falando de 7,8 milhões de trabalhadores e de mais de 3% do PIB. Cultura é comida na mesa, é distribuição de renda, é vida”. O parlamentar ainda parabenizou a atuação exemplar da ministra Margareth Menezes, “a senhora está tocando a grande missão de reconstruir o ministério e as políticas culturais com resultados palpáveis em tão pouco tempo”, completou.

Solla também defendeu o fortalecimento do Sistema Nacional de Cultura como ferramenta estruturante que garante regularidade orçamentária e participação federativa. “Inspirado no SUS, o sistema permite programar atividades, garantir controle e distribuir recursos de forma democrática, fundo a fundo”. Ele ressaltou que é preciso investir na capacitação de gestores e produtores culturais para ampliar o acesso aos editais e melhorar a execução dos projetos: “Muitos não conseguem prestar contas por falta de formação técnica, não por desvio”. Por fim, rebateu os ataques à ministra por manter parte de sua atividade artística: “Ministro que era médico seguiu atendendo pacientes. Por que uma cantora não pode cantar? Nós, baianos, não vamos abrir mão da sua presença no Carnaval de Salvador”.

“Cultura é resistência”

Deputada Erika Kokay (PT-DF) – Foto: Kayo Magalhães/Câmara dos Deputados

A deputada federal Erika Kokay (PT-DF) também esteve na audiência e destacou a cultura como força de resistência e dignidade, afirmando que “eles temem a cultura porque ela resgata a identidade, rompe os ciclos das casas grandes e das salas escuras de tortura”. Ela relembrou os ataques à Fundação Palmares durante o governo anterior, “vimos a destruição do acervo e o racismo institucional ocupar o Estado”, e celebrou sua reconstrução sob nova direção. Encerrando sua fala, defendeu a valorização dos trabalhadores do setor: “O Estado foi assediado. Precisamos aprovar com urgência o plano de carreira das servidoras e servidores da Cultura. Porque o Ministério da Cultura voltou, e voltou com os tambores, as saias rodadas e o esperançar de Paulo Freire”.

O deputado federal Reimont (PT-RJ) propôs o PL 1230/2024 que estabelece cota de 10% para pessoas em situação de rua no serviço público.
Deputado Reimont (PT-RJ) – Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

Diante da presença de Margareth Menezes frente ao Ministério da Cultura, o deputado federal Reimont (PT-RJ) falou ser uma mudança de rumo no país, “a prioridade do presidente Lula é ter cultura, educação, saúde, combate à fome. A prioridade do governo anterior era negar vacina, roubar joias e destruir o meio ambiente. A chave mudou”.

“Cultura é agora”

Deputado Dimas Gadelha (PT – RJ) – Foto: Agência Câmara

Para o deputado federal Dimas Gadelha (PT-RJ), a reconstrução do Ministério da Cultura representa um marco histórico. “A ministra Margareth Menezes pegou um ministério que não existia e, em tão pouco tempo, já entregou resultados impressionantes. A maior conferência nacional da cultura da história, o maior programa de descentralização de recursos para os municípios. Prefeitos me dizem: ‘nunca vimos tanto recurso chegar aos pequenos municípios como agora’”. O parlamentar sugeriu que o ministério amplie o apoio técnico às gestões locais para garantir maior efetividade na aplicação dos recursos e saudou a equipe do MinC como “altamente qualificada”.

A audiência na Câmara reafirmou o que os números já mostram: o Ministério da Cultura voltou a ser uma ferramenta ativa de transformação social, geração de renda e afirmação da diversidade. “A arte cura. E também cura a fome, porque gera emprego, autoestima e dignidade”, concluiu Margareth Menezes.

 

Elisa Alexandre

 

Artigo Anterior

PIB dos Estados Unidos desaba nos primeiros três meses de Trump

Próximo Artigo

Flávio Dino manda prender cidadão turco após pedido do governo Erdogan

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter por e-mail para receber as últimas publicações diretamente na sua caixa de entrada.
Não enviaremos spam!