Impulsionada por otimismo no emprego e maior acesso ao crédito, a intenção de consumo das famílias brasileiras registrou alta de 0,6% em julho na comparação com junho, segundo pesquisa divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) nesta terça-feira (22).
O Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) atingiu 103,2 pontos, já considerando o ajuste sazonal,, mantendo-se acima da linha de otimismo, situada em 100 pontos.
Com o governo Lula, o resultado reflete uma retomada parcial da disposição das famílias para realizar compras, ainda que o índice esteja praticamente estável em relação a julho de 2024, com leve variação negativa de 0,1%. Entre os sete subindicadores que compõem o ICF, os maiores avanços foram registrados na Perspectiva Profissional (+3,7%), Acesso ao Crédito (+3,3%) e Nível de Consumo Atual (+1,5%).
O deputado federal Bohn Gass (PT-RS) destacou nesta semana o impacto positivo da política de valorização do salário mínimo implementada pelo governo Lula, relacionando o avanço no poder de compra dos trabalhadores com o crescimento do consumo das famílias.
Gass celebrou os resultados recentes do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), que mostram que 78% das campanhas salariais registraram reajustes acima da inflação, ou seja, com ganho real para os trabalhadores.
“Aumentar o poder de compra dos trabalhadores faz a economia girar, a indústria, o comércio e os serviços venderem mais. E assim o país cresce”, afirmou o parlamentar. Para ele, a retomada dos reajustes acima da inflação é uma prova concreta de que a política do presidente Lula está beneficiando diretamente milhões de brasileiros.
Gass ainda recordou que, durante os governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro, os reajustes do salário mínimo ficaram congelados por seis anos. “Eu e a deputada Gleisi Hoffmann apresentamos um projeto na Câmara para que o ganho real do salário mínimo voltasse. Felizmente elegemos o presidente Lula e nem precisamos votar o projeto, porque Lula tomou a decisão”, disse.
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Confiança impulsionada pelo mercado de trabalho
Os dados mostram leve melhora na percepção das famílias sobre o mercado de trabalho no curto prazo. O subíndice Emprego Atual subiu 0,3% em julho, enquanto a Perspectiva Profissional manteve a trajetória de crescimento iniciada em junho, com avanço de 1,1% no mês e 3,7% nos últimos 12 meses.
A Perspectiva do Consumo permanece abaixo do patamar de julho de 2024 (-0,6%), embora tenha avançado 1,0% frente a junho, sinalizando uma reação gradual. Outro fator de destaque é o aumento da facilidade para obter crédito. Pelo menos 32,8% dos consumidores relataram acesso facilitado, maior percentual desde abril de 2020.
“O resultado positivo do subíndice Acesso ao Crédito, que acumula seis meses consecutivos de alta, foi impulsionado por medidas pontuais que ampliaram a liquidez no mercado”, explica o economista da CNC, João Marcelo Costa.
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Consumo de bens duráveis
Apesar da melhora geral na intenção de consumo, a percepção sobre o Momento para Aquisição de Bens Duráveis registrou queda anual de 6,7%. Segundo a CNC, o resultado está ligado aos efeitos persistentes da taxa básica de juros elevada, que encarece o crédito e desestimula compras de maior valor.
Essa cautela também aparece no Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC), também divulgado pela CNC. Em julho, o indicador teve leve alta mensal de 0,6%, atingindo 106,7 pontos, mas ainda acumula queda anual de 3,1%. O destaque positivo foi o subíndice Condições Atuais (+1,5%), enquanto as Expectativas recuaram 0,1% no mês.
“O otimismo dos empresários e o momento mais favorável observado pelos consumidores explicam a maior pretensão de investir. Mas a taxa de juros mais alta continua pressionando o setor”, acrescenta o relatório do ICEC.
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Mulheres e famílias de menor renda lideram recuperação
A pesquisa da CNC também revela que o avanço da intenção de consumo foi liderado por mulheres e por famílias com renda de até 10 salários mínimos. No recorte de gênero, a ICF feminina subiu 0,6% na comparação anual, enquanto o índice entre os homens recuou na mesma proporção.
Entre os itens que mais impulsionaram o otimismo feminino estão a Perspectiva Profissional (+4,5%) e a Perspectiva de Consumo (+2,2%). No caso das famílias com menor renda, houve alta de 0,8% frente a junho e de 0,2% em relação a julho de 2024, com destaque para a melhora de 4,3% no acesso ao crédito e nas expectativas profissionais.
Em contraste, o grupo com renda superior a 10 salários mínimos teve crescimento tímido de 0,1% no mês e recuo de 1,7% na comparação anual, com retração de 0,3% no acesso ao crédito.
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Da Redação, com informações da CNC