A inteligência artificial generativa deixou de ser uma tendência para se tornar parte ativa da rotina online dos brasileiros. Segundo pesquisa realizada pela Conversion em parceria com a ESPM, 93% dos usuários de internet no país já utilizaram ferramentas como ChatGPT, Gemini ou Copilot.
Mais que isso: quase metade desses usuários afirma usar essas soluções diariamente – um dado que aponta para mudanças profundas no comportamento digital da população.
Produtividade e confiança
A principal vantagem percebida, segundo o estudo, é a economia de tempo. Cerca de 71,2% dos entrevistados destacaram esse fator como o mais relevante no uso da IA generativa.
Essas plataformas não apenas fornecem respostas rápidas, mas também ajudam a sintetizar informações e a otimizar tarefas cotidianas – como redigir e-mails, planejar viagens ou elaborar relatórios.
Além disso, 62% dos usuários afirmam confiar muito ou totalmente nas respostas geradas por essas ferramentas. O índice é próximo à confiança depositada em buscadores tradicionais, como o Google (65,2%).
Surpreendentemente, 45,1% dos entrevistados consideram ambas as tecnologias igualmente confiáveis. Isso reforça a ideia de que a IA generativa não apenas compete com os buscadores, mas já faz parte de um novo modelo híbrido de busca de informação.
Hábitos começam a mudar
O estudo também identificou mudanças nos hábitos de navegação. Entre os usuários que adotaram IA generativa, 32,3% afirmam ter reduzido as buscas no Google. Por outro lado, 25,8% aumentaram as pesquisas em buscadores após adotarem IA. Esses dados indicam uma complementaridade entre as ferramentas, e não uma substituição direta.
Segundo Bruno Nunes, CEO da Base39 e especialista em tecnologia, a IA já cumpre funções antes reservadas a plataformas tradicionais. “Hoje, ferramentas como ChatGPT, Claude e Gemini são utilizadas para automatizar tarefas rotineiras, mas é preciso explorar seu potencial estratégico”, afirma.
IA muda lógica de produção de conteúdo
Com a consolidação das ferramentas de IA como interfaces de busca, o ambiente digital entra em uma nova fase. A lógica de indexação dá lugar à lógica de interpretação, na qual os modelos gerativos processam e sintetizam os conteúdos antes de apresentá-los ao usuário.
Isso traz impactos diretos para quem produz conteúdo. Não basta mais ser encontrado – é preciso ser compreendido e interpretado de forma relevante por algoritmos capazes de avaliar contexto, coerência e confiabilidade.
Essa mudança também traz implicações éticas e educacionais. A forma como o conhecimento é acessado, filtrado e validado passa a depender do desenho desses sistemas e da forma como a informação é apresentada ao modelo.
Cenário exige adaptação
Com a IA ocupando papel central na jornada digital, empresas e produtores de conteúdo precisam adaptar estratégias de SEO, comunicação e visibilidade. Agora, a prioridade é entregar conteúdo com clareza, estrutura lógica e autoridade sobre o tema – atributos que impactam diretamente o modo como os sistemas generativos utilizam as informações.
O estudo da Conversion e ESPM mostra que a adoção da IA generativa no Brasil é alta e crescente. Mais do que um modismo tecnológico, trata-se de uma mudança estrutural que redefine como as pessoas pesquisam, aprendem e tomam decisões no ambiente digital.