Nos próximos dias, uma intensa onda de calor, iniciada em 12 de fevereiro e prevista até o dia 21 deste mês, atingirá diversas regiões do país, especialmente o Sudeste, o Nordeste, partes do Centro-Oeste e o norte do Paraná. Segundo o Núcleo de Climatologia Aplicada da USP, a sensação térmica poderá chegar a impressionantes 70 graus centígrados. Essa sensação térmica é uma combinação de graus Celsius mais a umidade relativa do ar.

Quanto mais quente a umidade e a temperatura, maior a sensação térmica. Segundo os climatologistas, o que nós estamos vendo é uma estufa de calor extremo e prolongado que aprisiona, a partir desta semana, as áreas mais populosas do  Brasil, que devem sofrer com temperaturas de até 7 graus Celsius acima da já elevada média, já que fevereiro está no auge de verão. 

O mês de janeiro já foi identificado como o janeiro mais quente da história, e os principais serviços de meteorologia previnem durante esses próximos dias não ter nenhuma perspectiva de alívio. Segundo o Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastre Naturais, a previsão para os próximos 15 dias, até onde é possível prever, com maior margem de acerto, é de muito calor e chuvas abaixo da média no Sudeste e em parte do Nordeste. Fenômeno natural que poderia amenizar essa situação, a La Niña, segue como natimorta no Pacífico equatorial. Seu único impacto até agora tem sido negativo ao reduzir a chuva do Rio Grande do Sul, e o Atlântico permanece excepcionalmente quente, exportando calor para a América do Sul.

A La Niña está em vigor, mas está muito fraca , ela mais parece uma pequena ilha de água fria no meio do pacífico quente. Naquela região a temperatura está mais baixa, mas é só ali, em todo o resto do Planeta os oceanos estão mais quentes,  segundo o CEMADEN (Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais). Como se não bastasse tudo isso, a temperatura no Polo Norte está 20 graus acima da média ocasionando derretimento das calotas polares.

Toda esta situação se agrava com as medidas anunciadas por Trump desde a sua posse, retirando os Estados Unidos do Acordo de Paris, o que por si só significa um aumento do efeito estufa e, portanto, do aquecimento global, assim como também medidas de governos que se dizem de esquerda, como é o caso do governo Lula,  que defende o licenciamento para devastação no Cerrado e em outros biomas. E agora Lula  defende abertamente  a extração de petróleo na foz do Amazonas. A exemplo da extrema direita, também defende que enquanto tiver uma gota de combustível fóssil ela deve ser explorada e isso significa nada mais nada menos que o aumento desse colapso climático que estamos vivendo. 

Quem mais sofre as consequências dessa tragédia climática é a classe trabalhadora pobre, que mora em áreas de risco, em casas insalubres que são vítimas das enchentes e, também,   do  calor insuportável,  além de ter que ir trabalhar todos os dias, independente da situação do clima. Desde as atividades criminosas como a mineração em terras indígenas, o desmatamento na Amazônia, no Cerrado e em outros biomas, assim como as atividades legalizadas como o licenciamento para devastação a serviço do agronegócio, que cada vez aumenta no nosso país, tudo isso são obras do sistema capitalista que tem uma única preocupação: o lucro quanto maior e mais rápido melhor.

Isso não significa que o problema do aquecimento global, como parte da grave situação climática que vivemos não tenha solução, ao contrário, há medidas que se adotadas poderiam desacelerar, parar e até reverter a crise climática que vivemos.

Ações como a transição energética, a descarbonização da indústria, transporte sustentável, o reflorestamento e proteção de ecossistemas, e também a educação e conscientização sobre o tema, combinados como uma transição energética justa que não leve o setores da classe trabalhadora que trabalham nas indústria poluentes a serem os que pagam a conta e a defesa e valorização dos povos originais, dos ribeirinhos e quilombolas, que são os que mais defendem a preservação das florestas. Se isso não é feito, não é por falta de condições, mas porque elas vão contra o lucro e a concentração de riqueza, ou seja, contra o capitalismo.

Existe, portanto, uma incompatibilidade absoluta entre sustentabilidade, defesa do meio ambiente e a manutenção do sistema capitalista. Hoje é uma tarefa de vida ou morte para a preservação da espécie humana a derrota do capitalismo e a construção de uma sociedade socialista, uma sociedade que não esteja voltada para o lucro, mas sim para as necessidades dos seres humanos.

Por outro lado, é fundamental que as entidades sindicais incorporem nos acordos coletivos medidas de proteção aos trabalhadores neste calor insuportável.  Precisamos, também, exigir do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, e do prefeito Eduardo Paes que garantam a climatização adequada nas escolas, na saúde e nos transportes públicos, suspensão de todas as atividades nos dias de calor extremo, áreas climatizadas para que a população possa se abrigar nos momentos mais graves, distribuição de água potável de forma gratuita em lugares públicos. A vida da nossa classe está sob ameaça!

Categorized in:

Governo Lula,

Last Update: 16/02/2025