O empresário Ben Cohen, um dos fundadores da empresa de sorvetes Ben & Jerry’s, foi detido nesta semana no Capitólio, sede do Congresso dos Estados Unidos, durante um protesto contra a atuação militar de Israel na Faixa de Gaza e o apoio fornecido pelo governo norte-americano ao país.
A informação foi divulgada inicialmente pela emissora Al Jazeera e repercutida por organizações como a Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal).
A manifestação ocorreu no interior do Capitólio e teve como foco o que manifestantes têm denominado “Holocausto Palestino”.
Imagens do protesto circularam nas redes sociais e foram divulgadas pela Fepal, que também publicou uma gravação do momento em que Cohen foi conduzido por agentes de segurança. Durante a manifestação, o empresário declarou: “A verdade precisa ser dita. Os Estados Unidos matam crianças pobres em Gaza e pagam expulsando crianças pobres do sistema de saúde”.
O protesto, que incluía críticas ao apoio militar e financeiro fornecido pelos Estados Unidos a Israel, também envolveu confrontos verbais com políticos norte-americanos.
Segundo registros publicados online, Cohen se dirigiu diretamente a Robert F. Kennedy Jr., pré-candidato à presidência, durante sua intervenção. O conteúdo exato da interação não foi divulgado pelas autoridades do Capitólio.
Ben Cohen tem um histórico de envolvimento em causas sociais e já se manifestou anteriormente contra a política israelense em relação aos territórios palestinos.
Ao longo de sua trajetória empresarial e pública, ele e seu sócio Jerry Greenfield mantiveram posicionamentos contrários à ocupação de áreas palestinas e foram críticos às ações militares israelenses. No entanto, esta é a primeira vez que Cohen é detido durante um protesto político nas dependências do Congresso.
A detenção do empresário ocorre em meio ao aumento de manifestações em diferentes partes dos Estados Unidos.
Protestos contra a ofensiva militar israelense vêm sendo registrados em universidades, espaços públicos e, mais recentemente, dentro de instituições governamentais. A repressão a esses atos tem sido criticada por grupos de direitos civis e organizações internacionais.
Nos últimos meses, o governo norte-americano tem adotado medidas de segurança mais rígidas diante das mobilizações organizadas por movimentos contrários à escalada do conflito no Oriente Médio.
Grupos acadêmicos, organizações estudantis e ativistas vêm denunciando o que consideram um uso excessivo da força por parte das autoridades, especialmente contra manifestações não violentas.
A prisão de Cohen gerou ampla repercussão nas redes sociais e entre ativistas. Diversos vídeos foram publicados mostrando o momento da detenção e destacando a atuação pacífica do empresário durante o protesto.
Até o momento, as autoridades do Capitólio não divulgaram detalhes sobre os motivos formais da detenção nem informaram se haverá abertura de processo judicial.
O episódio reacendeu debates sobre a liberdade de expressão nos Estados Unidos em contextos de contestação à política externa do país. Grupos de defesa dos direitos civis afirmam que a repressão a manifestações pacíficas contraria princípios constitucionais e limita a atuação de figuras públicas que adotam posições críticas.
A Fepal, ao repercutir o caso, destacou que o protesto liderado por Cohen se insere em um movimento mais amplo de denúncia às ações militares israelenses em Gaza. A organização também reiterou críticas à atuação dos Estados Unidos no conflito, citando o fornecimento de armamentos e apoio logístico ao governo israelense.
A ofensiva de Israel em Gaza tem sido alvo de críticas de organizações internacionais, que apontam para o aumento do número de vítimas civis e a deterioração das condições humanitárias na região. Relatórios recentes de entidades como a ONU e a Cruz Vermelha indicam dificuldades no acesso a suprimentos médicos, alimentos e abrigo para a população palestina.
Enquanto isso, dentro dos Estados Unidos, manifestações continuam a ser organizadas por diversos setores da sociedade civil. Universidades têm registrado ocupações e protestos em solidariedade à população palestina, e eventos públicos têm sido utilizados como palco para críticas à política externa do país.
A detenção de uma figura pública como Ben Cohen acrescenta visibilidade ao movimento, especialmente por seu histórico de atuação empresarial aliado a posicionamentos políticos. A repercussão do caso evidencia as tensões crescentes entre manifestantes e autoridades norte-americanas diante do prolongamento do conflito no Oriente Médio.
Até o momento, não há informações sobre a data de eventual audiência judicial ou se Cohen permanecerá sob custódia. A assessoria de imprensa da Ben & Jerry’s não se manifestou oficialmente sobre o episódio, e o empresário não divulgou nota pública após a detenção.
Com informações da Reuters