O Conselho Nacional de Direitos Humanos denunciou o 9º Batalhão de Ações Especiais da Polícia, o Baep, à relatoria especial das Nações Unidas pelo vídeo que mostra dez agentes fazendo gestos que remetem ao nazismo em frente a uma cruz em chamas.
O vídeo, publicado em 15 de abril, foi postado no perfil oficial do 9º Batalhão de Ações Especiais de Polícia, de São José do Rio de Preto, e apagado minutos depois. Na gravação, era possível ver policiais militares queimando cruzes e erguendo as mãos em gesto que lembra tanto a saudação nazista quanto rituais do grupo supremacista Ku Klux Klan. Além das cruzes, um rastro de sinalizadores vermelhos formavam um caminho que levava a sigla Baep ao fundo.
De acordo com o documento, o conselho aponta que “o que é mostrado no vídeo representa um total desrespeito à lei e aos direitos humanos, principalmente porque os policiais estão fardados e várias representações da corporação aparecem no vídeo, associando o corpo institucional da Polícia Militar a prática supremacista”. O texto destaca a necessidade urgente de que se criem políticas públicas para combater o neonazismo no Brasil, tanto no que tange a sociedade civil quanto a ações dentro de instituições e órgãos governamentais.
O CNDH solicitou que a relatoria da ONU cobre do Brasil a formulação de uma política nacional de combate aos atos neonazistas, envolvendo todas as esferas do governo para o enfrentamento do movimento supremacista no campo da segurança pública, da cultura e da educação.
O caso já é investigado pelo Ministério Público de São Paulo após o vídeo viralizar nas redes sociais. A Procuradoria-Geral de Justiça do estado informou ter requisitado “todas as informações pertinentes aos fatos ao comando do batalhão”.
Veja o vídeo:
O que diz a PM sobre a celebração do 9º Batalhão?
Segundo o tenente coronel José Thomaz da Costa Júnior, chefe do 9º Batalhão de Ações Especiais de Polícia (Baep), o vídeo foi gravado para marcar o fim de um período de estágio e a entrega dos “braçais”, acessórios usados nos antebraços dos policiais para identificar os batalhões.
“Aquela cerimônia se limitou a valorizar todo empenho, dedicação e esforço dos policiais nesse período de estágio. É um período de treinamento árduo, bastante rigoroso, para que eles alcancem as condições plenas de prosseguir prestando serviço”, disse Costa Júnior, em vídeo publicado nas redes sociais do batalhão.
“Não tivemos intenção de fazer cerimônia com cunho religioso, político, racial. Isso não faz parte da nossa rotina. Não fazemos rituais. Nós cumprimos cerimônias, e esse foi o único propósito”, destacou o comandante no vídeo.