O Atlântico, clube de futsal de Erechim (RS), foi excluído da Liga Gaúcha da modalidade por causa do protesto de jogadores contra uma agressão racista sofrida por seu goleiro na partida contra o Guarany, clube de Espumoso. A punição foi decidida nesta quinta-feira 5 pelo Tribunal de Justiça Desportiva do Rio Grande do Sul, segundo o site Gaúcha ZH.
O tribunal decidiu multar o Guarany em 10 mil reais pelo episódio de racismo. Entretanto, com a exclusão do Atlântico, o time de Espumoso conquistou a vaga na final do campeonato. O homem apontado como autor da ofensa foi proibido de frequentar o ginásio esportivo por 720 dias.
No momento da agressão, no último sábado 30, a partida estava na prorrogação. Quem vencesse garantiria vaga na final. O placar estava empatado em 1 a 1, o que levaria a decisão para a disputa de pênaltis.
O goleiro João Paulo, que estava no banco de reservas, foi chamado de “macaco” por uma pessoa nas arquibancadas do ginásio.
Em meio ao tumulto e às tentativas de identificar o agressor, os jogadores e a comissão técnica do Atlântico se reuniram e decidiram deixar a quadra em solidariedade a João Paulo. A decisão recebeu respaldo da direção do clube, que afirmou, ainda, não ter sido a primeira vez que integrantes da equipe ouviram ofensas racistas em Espumoso.
“Respeitamos a decisão, mas não concordamos, pois foi um fato recorrente em Espumoso. E as pessoas ofendidas ficam como? O criminoso foi punido por 720 dias de frequentar o ginásio do Guarany, mas pode continuar indo em outros. A nossa indignação não é esportiva e sim social, humana. A revolta é essa”, disse o supervisor de futebol do Atlântico, Elton Dalla Vecchia, à Gaúcha ZH.
A Liga Gaúcha de Futsal, que organiza o campeonato, repudiou ato racista e, na ocasião, disse que os fatos seriam apurados para a adoção de “medidas cabíveis” pelo TJD-RS – sem detalhar quais seriam as iniciativas.
“Ressaltamos que o racismo é inaceitável e totalmente contrário aos valores que defendemos no esporte. Essa conduta não representa o espírito do futsal nem os princípios que buscamos promover em nossas competições. Nos solidarizamos com o atleta João Paulo e com todos os demais que se sentiram ofendidos durante o ocorrido”, complementou a entidade.
