Em uma segunda-feira (26) de auditório cheio, lideranças sindicais, representantes do governo federal e movimentos sociais se reuniram no Armazém do Campo para discutir o papel das classes trabalhadoras na construção e defesa da democracia. O debate, promovido por entidades como a CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) e a CUT, contou com a presença de representantes do Ministério da Fazenda e do vice-presidente da CTB, Ubiraci Dantas, que também dirige a ASPA (Associação dos Servidores Públicos Aposentados).
O encontro teve como eixo central o impacto das políticas econômicas sobre os direitos sociais, o orçamento público e a necessidade de fortalecer o projeto de desenvolvimento nacional a partir da valorização do trabalho.
“Não dá pra conviver com essa taxa de juros”
Ubiraci Dantas fez uma fala contundente contra o que chamou de “estrangulamento orçamentário promovido pelo capital financeiro”, alertando para os impactos sociais de políticas econômicas restritivas:
“Não dá pra conviver com uma das maiores taxas de juros do mundo. Isso drena quase 1 trilhão de reais do país por ano e deixa sem recursos áreas fundamentais como saúde, educação, moradia e saneamento. Quem paga essa conta é a classe trabalhadora.”
Dantas defendeu o fortalecimento da indústria nacional e criticou as condições de trabalho precárias, especialmente em setores como os de aplicativos, onde os trabalhadores atuam sem nenhum direito garantido:
“Esse emprego que faz o cara levar comida nas costas e não pode comer, isso não é trabalho digno. Nós precisamos gerar emprego com carteira assinada, com direito, com salário decente.”
O dirigente também fez um chamado para que o movimento sindical e popular assuma a tarefa de pressionar por uma mudança na política econômica:
“É preciso uma campanha nacional para derrubar essa taxa de juros, garantir investimento público, e desenvolver um projeto nacional que enfrente o capital financeiro internacional com coragem e determinação.”
Presenças e convergências
Além da CTB e da CUT, o evento contou com a presença de técnicos do Ministério da Fazenda, que apresentaram dados sobre o orçamento federal e ouviram críticas e propostas do campo sindical.
Dirigentes destacaram a importância de fortalecer o orçamento social, garantir aumento real do salário mínimo e ampliar programas de transferência de renda como o Bolsa Família — que, embora importante, não substitui uma política ativa de geração de emprego.
Plebiscito popular e luta contra o arrocho
Outro ponto de consenso no debate foi o apoio à realização de um plebiscito popular sobre as prioridades do orçamento público e a política de juros. Ubiraci Dantas defendeu que esse processo inclua explicitamente a discussão sobre a taxa de juros:
“Tem uma pequena falha: precisamos colocar a questão da taxa de juros como ponto central no plebiscito. Essa política tem que ser denunciada e enfrentada, porque ela destrói o futuro do povo brasileiro.”
