Em nenhum momento no Brasil, foi fácil para as mulheres exercerem cargos públicos e participar da vida política brasileira. As cotas partidárias pouco ou de nada valeram para garantir a participação de igual para igual com os homens, com recursos e apoio dos partidos. Poucas conseguem romper essa lógica e esse é o caso da vice-prefeita de Nova Lima, Cissa Caroline Ferreira Souza (foto/reprodução internet). Ela foi convidada por João Marcelo Dieguez para compor a sua chapa à reeleição, após conhecer o trabalho de Cissa na prefeitura, onde ela atuou como a sua chefe de gabinete. Da prefeitura, ela assumiu também a vice-presidência da Federaminas Mulher.

As mulheres, apesar de serem maioria em Minas Gerais, têm espaço restrito na política. Como avançar nesse ambiente que é tão necessário para a defesa da mulher?

Eu entrei na administração pública em uma secretaria e tive a oportunidade de ser chefe de gabinete de Marcelo. Foi com o meu trabalho, com a minha dedicação, que fui reconhecida. Quando ele me convidou para ser sua vice-prefeita, foi fruto de um trabalho que tivemos juntos. Mas sei dos desafios que é a vida da mulher na política. Ela com certeza tem fatores dificultadores por diversas situações. Às vezes as próprias mulheres não se identificam naquele lugar. Muitas vezes quando elas se identificam, elas não têm apoio. Ainda é um universo muito masculino e para cavar espaço na política, ou em outros espaços de liderança, as mulheres precisam se dedicar e mostrar que elas são capazes. Para as mulheres, os desafios são maiores. Se você não estiver dentro de um espaço, que você possa ser reconhecido, dificilmente você consegue ter essa visibilidade, por isso que é muito importante estar nesses lugares e incentivar e inspirar outras mulheres a entrarem, porque nossos espaços precisam de mais mulheres. Mas nós mulheres também precisamos criar coragem para assumir esses espaços.

 O tratamento desigual nos partidos limita a participação das mulheres na política?

Sim, com certeza. Esse é um desafio que deve ser superado, é um trabalho que tem que ser feito para as próximas eleições, com os grupos políticos. É um trabalho de ressignificar esse conceito da mulher na política. A mulher pode entrar para simplesmente cumprir uma cota, para cumprir um número, porque muitas vezes, dentro desse universo, a gente identifica lideranças que poderiam estar sentadas em cadeiras, mas que muitas vezes falta esse apoio, esse envolvimento de quem constrói esse movimento político. É preciso enxergar a mulher como alguém muito importante no processo e não como um quantitativo. E as mulheres também precisam lutar por isso e dizer que “se for para ser um número eu não participo”. Cabe a nós também, nos posicionarmos um pouco mais e dizer da importância que nós temos dentro desse processo todo. 

Estando lá, podendo decidir, a mulher faz a diferença?

Faz e o olhar feminino é muito importante dentro de gestão. Hoje faço parte da equipe de gestão do município e vejo como eu contribuo e é um trabalho a quatro mãos, cinco mãos. A mulher é muito importante nesse processo, com a resiliência que ela tem, com esse olhar mais apurado e com esse desejo de fazer com que as coisas deem certo, de toda forma. A mulher tem uma coragem diferente, uma postura diferente de fazer as coisas acontecerem.

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Last Update: 15/03/2025