Nesta terça-feira (27), o jornal israelense Yedioth Ahronoth (Ynet) noticiou que o governo de Benjamin Netaniahu aprovou secretamente a criação de 22 novos assentamentos de colonos israelenses na Cisjordânia.
Ynet acrescenta que a decisão inclui o restabelecimento dos assentamentos ilegais de Homesh e Sa-Nur, outrora localizados na Faixa de Gaza, mas desmantelados quando “Israel” foi obrigado a se retirar do enclave em 2005, acabando com os 21 assentamentos ilegais que lá havia à época. A retirada ocorreu logo após a Segunda Intifada.
O jornal israelense informou que a decisão decorreu de uma iniciativa conjunta de Israel Katz e Bezalel Smotrich, respectivamente ministros da “Defesa” e das Finanças da entidade sionista. Ela foi tomada na sequência de outra decisão, de duas semanas atrás, quando o governo israelense decidiu retomar oficialmente os procedimentos de registro de terras de “Israel” na Área C da Cisjordânia, instruindo o setor de “defesa” israelense a impedir novos registros de terras palestinas, conforme Ynet.
Trata-se de uma expansão dos assentamentos ilegais israelenses, realizados pelos chamados colonos, milícias fascistas de “Israel” que atuam especialmente na Cisjordânia sob a proteção das forças israelenses de ocupação e auxiliando-as nos crimes contra os palestinos e na destruição de suas propriedades.
O Movimento de Resistência Islâmica (Hamas, na sigla em árabe), partido que lidera a Resistência Palestina, publicou declaração afirmando que a decisão de estabelecer 22 novos assentamentos confirma o projeto sionista de anexar a Cisjordânia, e apelou para que as massas palestinas e as organizações da Resistência escalem a luta contra os invasores. Leia a nota na íntegra:
“Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso
Comunicado à imprensa
A aprovação, pelo chamado “gabinete sionista”, da criação de 22 novos assentamentos na Cisjordânia ocupada é mais uma confirmação de que a criminosa ocupação sionista continua a impor fatos consumados, acelerando a judaização da terra palestina dentro de um projeto explícito de anexação, conduzido por um governo de terroristas e extremistas liderado por Netanyahu. Trata-se de um desafio flagrante à vontade internacional e de uma grave violação do direito internacional e das resoluções das Nações Unidas.
Nós, do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), conclamamos as Nações Unidas e a comunidade internacional a tomarem medidas urgentes que vão além de meras condenações formais, adotando providências práticas e dissuasivas para enfrentar as tentativas de liquidar a causa palestina e pôr fim às políticas de anexação e expansão de assentamentos, que constituem crime de guerra e limpeza étnica em curso.
Conclamamos também as massas do nosso povo, suas forças vivas e a resistência a intensificarem o enfrentamento em todas as frentes, a fim de confrontar esses esquemas criminosos e as gangues de colonos terroristas por todos os meios legítimos, em defesa da terra, dos locais sagrados e dos direitos nacionais justos do nosso povo.
Movimento de Resistência Islâmica – Hamas
Quinta-feira, 2 de Dhu al-Hijjah de 1446 H
Correspondente a 29 de maio de 2025″
Desde 7 de outubro de 2023, mais de 970 palestinos foram assassinados na Cisjordânia e pelo menos sete mil foram feridos pelos ataques sionistas. Além disso, milhares de prisões ilegais foram realizadas, inclusive prendendo novamente palestinos que foram soltos nos acordos de cessar-fogo.
Os ataques israelenses contra a Cisjordânia escalaram em janeiro deste ano, logo após o Hamas ter imposto o segundo cessar-fogo em Gaza, o que foi uma gigantesca derrota para “Israel”. No dia 21 daquele mês, a entidade sionista lançou a operação “Muro de Ferro”, passando a realizar sistematicamente contra as cidades/campos de refugiados de Jenin, Tulcarém e Nur Shams a mesma política de destruição aplicada em Gaza, embora em escala menor.
A ofensiva foi precedida de inúmeros ataques do aparato de repressão da Autoridade Palestina contra a Resistência palestina, preparando o caminho para os sionistas.
Conforme informado pelo Comitê de Imprensa no Campo de Refugiados de Jenin, neste 129º dia da agressão em Jenin ocorreram mais invasões a residências palestinas, pesada mobilização de tropas invasoras, bem como prisões.
“A agressão resultou na destruição completa de 600 casas no campo, com as demais parcialmente danificadas e inabitáveis, além da destruição generalizada da infraestrutura e dos prédios da cidade.
Desde o início deste ataque, em 21 de janeiro, aproximadamente 22.000 moradores foram deslocados à força após serem expulsos de suas casas pelas forças de ocupação. Enquanto isso, 43 pessoas foram assassinadas, incluindo duas pelas forças de segurança da Autoridade Palestina, e dezenas de outras foram feridas ou presas”, informou o Comitê de Imprensa de Jenin.
Genocídio contra Gaza continua
Nesta quinta-feira (29), pelo menos 67 palestinos foram assassinados por “Israel” e mais de 179 ficaram feridos, segundo informe diário divulgado pelo Ministério da Saúde de Gaza.
O órgão destaca que esses números não incluem as vítimas que chegam aos hospitais no norte de Gaza, em razão da dificuldade de acessar a região. Acrescenta que um número não definido de vítimas permanece sob os escombros e nas estradas, sem que possam ser resgatados por ambulâncias e pelas equipes da defesa civil.
No dia anterior (28), por ocasião dos 600 dias da guerra genocida, o Ministério divulgou dados sobre a destruição do sistema de saúde de Gaza:
“Ministério da Saúde Palestino em Gaza:
Após 600 dias de guerra genocida… indicadores catastróficos assolam a situação sanitária e humanitária na Faixa de Gaza:
22 dos 38 hospitais estão fora de serviço.
47% dos medicamentos essenciais estão completamente esgotados; 65% dos insumos médicos também estão totalmente esgotados.
Apenas 30 dos 105 centros de atenção primária à saúde estão operacionais.
A taxa de ocupação de leitos ultrapassa 106%.
Apenas 50 salas de cirurgia estão funcionando em condições catastróficas, das 104 existentes.
41% dos pacientes com insuficiência renal morreram durante a guerra.
477 pacientes morreram aguardando autorização para viajar ao exterior em busca de tratamento.
25 das 34 estações de oxigênio foram destruídas, restando apenas 9 parcialmente operacionais.
12 das 19 máquinas de tomografia computadorizada (TC) foram destruídas.
7 aparelhos de ressonância magnética foram completamente destruídos, deixando Gaza inteiramente sem capacidade de diagnóstico por ressonância magnética.
Grave escassez de equipamentos de imagem médica.
Apenas 49 dos 110 geradores elétricos estão funcionando nos hospitais da Faixa de Gaza, todos necessitando urgentemente de manutenção e fornecimento de combustível.
60 crianças morreram por desnutrição.
Ministério da Saúde
28 de maio de 2025”
O total de palestinos assassinados por “Israel” desde que rompeu unilateralmente o cessar-fogo, em 18 de março, já é superior a 3.986 e o de feridos ultrapassa 11.451. Desde o início da guerra genocida, mais de 54.249 palestinos foram assassinados e pelo menos 123.492 foram feridos pelas forças de ocupação.
Deve-se destacar que tais números são subestimados, em razão da destruição de quase toda a infraestrutura de Gaza, que impede aferir o número total de mortos. Estima-se que o número real, incluindo mortes indiretas (fome, doenças etc.) já seja superior a 10% da população de Gaza, isto é, superior a 200 mil palestinos.