O diretor palestino Yuval Abraham, vencedor do Oscar de Melhor documentário por No Other Land, denunciou nesta segunda-feira 24 que o co-diretor da produção Hamdal Ballal foi sequestrado pelo Exército israelense após cerca de 15 colonos mascarados invadirem a casa dele na Cisjordânia ocupada.
De acordo com detalhes compartilhados pelo cineasta no X, Ballal teria sofrido ferimentos na cabeça e no estômago após ter sido linchado pelo grupo invasor em Susya, na área de Masafer Yatta, ao sul de Hebron. Na sequência, o co-diretor teria sido sequestrado após militares israelenses invadirem a ambulância em que ele era transportado.
Testemunhas ouvidas pelo jornal britânico The Guardian entraram na casa da família de Ballal e viram sangue no chão. Um integrante da família afirmou que a mancha de sangue resultou de um golpe na cabeça de Hamdan.
As testemunhas relatam uma versão distinta daquela divulgada por Abraham. Segundo elas, um grupo de soldados chegou ao local ao lado de outros colonos vestidos com uniforme militar, que teriam perseguido Hamdan até a casa dele e o entregado aos militares. O diretor e outro homem – identificado apenas como Nasser – teriam sido presos e levados a uma delegacia de polícia.
Questionadas pelo jornal, as Forças de Defesa de Israel se limitaram a informar que investigavam o incidente.
Basel Adra, também co-diretor de No Other Land, disse ao veículo que a escalada na violência dos colonos pode ser uma resposta ao reconhecimento internacional conquistado pelo documentário.
Do que trata No Other Land
O documentário, produzido entre 2019 e 2023 por um coletivo de quatro diretores palestino-israelenses, mostra a destruição da cidade de Masafer Yatta por soldados israelenses na Cisjordânia ocupada. Com relatos emotivos, o longa aborda o conflito enquanto desenvolve em tela a resistência de Basel Adra ao deslocamento forçado de seu povo pelos militares israelenses.
No Other Land registra a destruição gradual da terra natal de Adra, sob a justificativa do despejo de seus habitantes para cumprir uma ordem judicial que designa a área como zona militar de Israel. No processo, Adra conhece o jornalista judeu israelense Yuval, que o ajuda em sua luta de resistência enquanto registra o conflito. A amizade é testada pela distante realidade de ambos: enquanto Basel enfrenta a opressão e a violência de viver em zona de guerra, Yuval desfruta da liberdade e da segurança israelenses.
