Cientista pede que a China desenvolva software de computação alternativo ao da NVIDIA

Li Guojie, renomado cientista da computação da Academia Chinesa de Ciências, destacou a vantagem significativa que a Nvidia detém no setor de inteligência artificial (IA) devido à sua plataforma de computação CUDA.

Em comentários recentes, Li alertou que, embora os chips aceleradores de IA da China, como os da Huawei, Hygon Information Technology e Cambricon Technologies, sejam comparáveis ​​aos produtos da Nvidia, a verdadeira força da gigante norte-americana está em seu ecossistema, o que coloca a China em uma posição desafiadora no desenvolvimento de IA.

Vantagem da Nvidia e o Desafio para a China

De acordo com Li, a plataforma CUDA da Nvidia, que é amplamente utilizada para desenvolver aplicativos para as unidades de processamento gráfico (GPUs) da empresa, representa uma vantagem competitiva substancial.

A Nvidia consegue garantir o sucesso de suas soluções não apenas por meio da fabricação de hardware de alta performance, mas também pelo ecossistema de software que acompanha seus chips. Para a China alcançar a autossuficiência em IA, Li enfatizou a necessidade de criar um sistema alternativo que possa competir com o CUDA.

“O DeepSeek causou impacto no ecossistema CUDA, mas não o contornou completamente, pois as barreiras permanecem”, afirmou Li, em uma entrevista publicada pelo Study Times, jornal semanal ligado à escola de treinamento de quadros seniores do Partido Comunista.

Li, que possui 81 anos, expressou a opinião de que a China deve se concentrar no desenvolvimento de um conjunto de sistemas de ferramentas de software controláveis que sejam capazes de superar o CUDA no longo prazo.

Desafios no Desenvolvimento de Software de IA na China

A comparação de Li entre os esforços da China para substituir sistemas de hardware e software ocidentais — como o caso do Windows e Intel, ou Android e Arm — ilustra a complexidade da situação.

Segundo Li, a tarefa de substituir uma plataforma como o CUDA não é simples e requer um planejamento cuidadoso e um esforço de longo prazo.

A China, portanto, enfrenta desafios não apenas na criação de hardware de IA, mas também na construção de um ecossistema de software robusto e controlável que permita a independência tecnológica em IA.

Riscos para a OpenAI na “Lei de Escala”

Li também levantou preocupações sobre o que ele chamou de “lei de escala” seguida por empresas como a OpenAI, que investem pesadamente em aumentar suas capacidades sem considerar adequadamente as implicações a longo prazo.

A “lei de escala” se refere à estratégia de desenvolver modelos de IA cada vez maiores e mais complexos para melhorar o desempenho. Para Li, isso pode ser imprudente, já que depende de uma infraestrutura massiva e de um investimento contínuo, algo que pode não ser sustentável ou eficaz a longo prazo.

Embora a OpenAI tenha alcançado grandes avanços no desenvolvimento de IA, Li alertou que sua estratégia de focar no aumento de escala pode não ser a mais viável no futuro, dado o custo elevado e a dependência de recursos especializados e poderosos, como os oferecidos pela Nvidia.

A crítica, nesse caso, reflete uma preocupação sobre a dependência de poucos fornecedores para o avanço da IA, algo que pode limitar a inovação e aumentar o risco de um eventual impasse.

A Busca pela Autossuficiência Tecnológica na China

Li concluiu seus comentários destacando a importância de a China investir no longo prazo para garantir sua independência no campo da inteligência artificial.

A criação de uma plataforma nacional de IA, com o desenvolvimento de tanto hardware quanto software, é vista como uma prioridade para a nação, que busca reduzir sua dependência das tecnologias ocidentais.

Para isso, será necessário um grande esforço no desenvolvimento de ferramentas e ecossistemas próprios, alinhados com os objetivos estratégicos de autossuficiência tecnológica do governo chinês.

Em resumo, Li Guojie ressaltou as dificuldades que a China enfrentará para superar a vantagem de empresas como a Nvidia no campo da IA, especialmente devido à importância do ecossistema de software associado aos chips de IA.

Além disso, ele alertou sobre os riscos de uma abordagem de “escala” seguida por algumas empresas, sugerindo que a China deve priorizar o desenvolvimento de sistemas autossuficientes para garantir sua posição no cenário global da inteligência artificial.

Artigo Anterior

China descobre campos de petróleo de Xisto com reservas de 180 milhões de toneladas

Próximo Artigo

Processo contra Moraes nos EUA tem sigilo, muda de juíza e ecoa Casa Branca

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter por e-mail para receber as últimas publicações diretamente na sua caixa de entrada.
Não enviaremos spam!