Um homem de 51 anos, Jarun Laws, vivia em seu carro no estacionamento de um restaurante em Denver, Colorado, EUA. Ele trabalhava como cozinheiro até 2020 e recebia apenas US$ 400 por mês após pagar contas e pensão alimentícia.
Laws gastava parte do salário em estadias de fim de semana em hotéis baratos para passar mais tempo com seus filhos. Ele lutava para comprar comida, roupas e remédios, vivendo sem teto por quase uma década.
Tudo mudou quando ele se inscreveu no Projeto de Renda Básica de Denver, um programa que permitiu que Laws conseguisse um apartamento temporário, passasse mais tempo com os filhos e encontrasse um emprego melhor remunerado.
O programa começou ajudando 800 moradores de rua, incluindo pessoas que viviam em carros, abrigos temporários ou situações de vida não fixas. Participantes como Laws recebiam pagamentos diretos em dinheiro, sem contrapartida, podendo gastar como precisassem.
O relatório de um ano do projeto mostrou que 45% dos participantes conseguiram uma casa ou apartamento após receberem renda básica por 10 meses. Houve também uma redução nas visitas ao pronto-socorro, estadias em hospitais e prisões, economizando à cidade US$ 589.214.
O programa, inicialmente de um ano, foi prorrogado por mais seis meses em janeiro. Os participantes foram divididos em grupos: um recebeu US$ 1.000 por mês durante um ano; outro recebeu US$ 6.500 adiantados, seguido de US$ 500 mensais; e um terceiro recebeu US$ 50 por mês como grupo de controle.
Programas de renda básica como o de Denver tornaram-se uma estratégia para reduzir a pobreza nas cidades dos EUA. Em comparação com serviços sociais tradicionais, o rendimento básico permite que os participantes gastem o dinheiro onde mais precisam.
A prefeitura afirmou que a renda básica ajudou no pagamento de despesas imediatas como comida, transporte e aluguel. Os participantes relataram maior estabilidade financeira e menor dependência de assistência emergencial. Os pagamentos também ajudaram a obter treinamento e recursos para estabelecer carreiras.
Indivíduos que receberam US$ 1.000 mensais tinham maior probabilidade de encontrar emprego estável. “É liberdade”, disse Nick Pacheco, coordenador do programa. Parentes dos participantes também relataram melhorias na saúde mental e mais tempo com a família.
Os resultados financeiros variaram com base no grupo de pagamento. Aqueles que receberam US$ 6.500 adiantados, além de US$ 500 mensais, puderam economizar melhor e fazer grandes mudanças, como assinar contratos de aluguel ou comprar carros.
Muitas famílias expressaram preocupação em pagar as contas após o término do pagamento da renda básica, temendo perder suas moradias novamente. Laws, por exemplo, voltou a morar em seu carro após o fim dos pagamentos.
À medida que o projeto-piloto de renda básica continua a ter sucesso em cidades como Denver, líderes locais e especialistas em segurança econômica buscam transformar esses projetos em políticas públicas. Estados como Califórnia e Novo México já propõem programas de renda básica na legislação estadual.
“As lições desses pilotos estão inspirando todo o ecossistema de apoio”, disse Teri Olle, diretora de Segurança Econômica da Califórnia. “As pessoas estão realmente vendo o poder desses pilotos e o poder de dar dinheiro às pessoas e confiar nelas”. Denver espera estender o programa pelo terceiro ano consecutivo.