Em mais um movimento no mínimo controverso sobre a política migratória dos Estados Unidos, o governo Donald Trump estuda a aprovação de um reality show em que imigrantes competiriam pela cidadania americana. A proposta foi confirmada nesta sexta-feira (16) pelo Departamento de Segurança Interna (DHS), que afirmou estar avaliando ideias “fora da caixa”.
O projeto, apresentado pelo produtor canadense-americano Rob Worsoff, prevê que candidatos à cidadania enfrentem uma série de desafios semanais, com direito a eliminação no fim de cada episódio — fórmula já consagrada no entretenimento, mas agora aplicada a um dos processos mais sérios de qualquer nação: a concessão de cidadania.
O cenário inicial seria Ellis Island, símbolo histórico da imigração americana, onde milhões de estrangeiros chegaram no século XX em busca de oportunidades. Agora, sob a lente do entretenimento, o local serviria como palco para testar quem é “mais americano”, de acordo com critérios ainda não detalhados, mas que, segundo o Wall Street Journal, incluirão tarefas como buscar ouro em minas ou montar peças de carro em equipe.
Worsoff afirma que a proposta tem tom positivo e que o objetivo não é deportar perdedores. “Não é ‘se você perder, vamos enviá-lo em um barco para fora do país’”, disse. Ainda assim, a premissa do programa levanta sérias questões éticas e políticas.
O DHS tenta legitimar a ideia sob o argumento de que há um esforço para “reviver o patriotismo e o dever cívico” no país. No entanto, o projeto reflete mais uma faceta do populismo midiático de Trump, ex-estrela de reality shows como The Apprentice, e sua obsessão por espetacularizar decisões de governo com forte apelo ideológico.