O tenente-coronel Mauro Cid afirmou à Polícia Federal nesta sexta-feira (13) que a viagem de seus familiares aos Estados Unidos foi para comemorar o aniversário de 15 anos de sua sobrinha.
Segundo a defesa, as passagens de volta já estavam compradas, com retorno marcado para o dia 20 de junho. A justificativa foi apresentada para rebater suspeitas da Procuradoria-Geral da República (PGR) de que ele estaria planejando uma fuga.
Cid prestou novo depoimento em Brasília, por cerca de três horas, após a PF cumprir mandado de busca em sua residência e prender o ex-ministro Gilson Machado. O militar também foi questionado sobre mensagens em um perfil de rede social atribuído à sua esposa, que sugeririam que ele teria compartilhado detalhes sigilosos de sua delação com amigos.
O advogado Cezar Bitencourt, que defende Cid, disse que o acordo de colaboração segue mantido. “Foi tranquilo, o acordo está de pé. Foi uma sacanagem que a defesa do Bolsonaro fez”, afirmou. Ele também declarou que as mensagens são falsas e pediu ao STF investigação para apurar a origem do perfil @gabrielar702. Segundo a defesa, Cid cumpre integralmente os termos da colaboração.
A PGR, por sua vez, pediu a prisão preventiva de Cid e de Gilson Machado, alegando risco de fuga. Segundo o procurador-geral Paulo Gonet, Gilson teria tentado obter um passaporte português para Cid, enquanto familiares do militar viajaram aos EUA no fim de maio. A defesa sustenta que a viagem da família não tem relação com um plano de evasão.
Durante o depoimento, Cid afirmou que o roteiro da viagem inclui um passeio à Disney, com retorno já agendado. A Folha apurou que os pais de Cid embarcaram com bagagens despachadas, enquanto a esposa e a filha levaram apenas bagagem de mão. O irmão de Cid reside na Califórnia há mais de uma década, e sua filha mais velha mora com o tio nos EUA há cerca de três anos.
Nas redes sociais, o ex-presidente Jair Bolsonaro voltou a questionar a delação de Cid após a divulgação das mensagens e pediu sua anulação. A defesa de Cid nega qualquer quebra no acordo e reforça que o militar segue colaborando com as investigações.
