O tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, declarou em novo depoimento à Polícia Federal que o general Braga Netto entregou dinheiro vivo a comandantes das forças especiais, conhecidos como “kids pretos”, para financiar as despesas da trama golpista que visava impedir a posse do presidente Lula (PT).
Na decisão judicial do ministro Alexandre de Moraes, o depoimento é considerado um fato novo no financiamento da trama golpista.
O magistrado transcreveu: “O general repassou diretamente ao então Major Rafael de Oliveira dinheiro em uma sacola de vinho, que serviria para o financiamento das despesas necessárias à realização da operação“.
O ministro Moraes acrescentou: “Há fortes indícios e substanciais provas de que o investigado Walter Souza Braga Netto contribuiu, em grau mais efetivo e de elevada importância do que se sabia anteriormente, para o planejamento e financiamento de um golpe de Estado”.
A decisão também destaca que a consumação do golpe também presumia a sua própria detenção ilegal, com uso de técnicas militares e terroristas, além de possível assassinato do presidente Lula (PT) e do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB).
Segundo a decisão, os desdobramentos da investigação da operação “Contragolpe” mostram que Braga Netto cumpriu papel de liderança, organização e financiamento da trama golpista, além de demonstrar relevantes indícios de que o general atuou, reiteradamente, para embaraçar as investigações.
O ministro Alexandre de Moraes determinou a prisão preventiva do general, além de ações de busca e apreensão de armas, munições, computadores, tablets e outros dispositivos eletrônicos em posse de Braga Netto. O coronel Flávio Peregrino, que foi assessor do militar, também foi alvo da operação da PF.