São Paulo, no final de semana, enfrenta a chegada de uma frente fria, que pode trazer chuva para grande parte do estado, com precipitações mais intensas previstas para este domingo (25). Devido à alta concentração de material particulado das queimadas na atmosfera, é muito provável que ocorra chuva cinzenta, ou seja, chuva com precipitação de fuligem resultante da combustão incompleta.
Onda de incêndios
São Paulo enfrenta uma onda de incêndios e queimadas sem precedentes desde que começaram as medições por satélite pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) no final da década de 90. Os dados mostram uma situação extremamente grave e fora do comum. Somente na sexta-feira (23), foram registrados 1886 focos de calor, o dobro da média histórica para agosto, que é de 914 focos.
Entre os dias 22 e 23 de agosto, foram contabilizados 2316 focos de calor, representando 253% da média mensal de queimadas. Com esse número, São Paulo já acumulou 49743 focos de calor neste ano até agora, superando os totais de 2021, 2022 e 2023. A grande quantidade de fuligem no ar deixa a qualidade do ar ruim, aumentando a probabilidade de chuva cinzenta.
O que é fuligem?
Fuligem, ou soot, é um material particulado composto principalmente de carbono, gerado pela combustão incompleta de materiais orgânicos, como carvão, petróleo e madeira. Essas partículas, muito pequenas, permanecem no ar por longos períodos e podem viajar grandes distâncias.
A fuligem e a chuva cinzenta estão interligadas, especialmente em áreas urbanas e industriais. A chuva cinzenta ocorre quando a fuligem e outras partículas contaminantes presentes na atmosfera se misturam com a umidade e precipitam na forma de chuva. Esse fenômeno é um sinal de altos níveis de poluição e pode afetar a qualidade da água e o meio ambiente.
Em áreas onde a chuva cinzenta é comum, superfícies como piscinas e baldes podem ficar com água escura devido à precipitação de fuligem. A presença de fuligem na chuva é preocupante, pois pode prejudicar a água da chuva, tornando-a inadequada para consumo e irrigação, e afetar ecossistemas aquáticos e terrestres.
O carbono negro, um componente da fuligem, é um importante contribuinte para as mudanças climáticas. Ele absorve energia solar e pode aumentar o derretimento de geleiras ao escurecer a neve. Embora o carbono negro permaneça na atmosfera por um período mais curto do que o CO₂, seu impacto no aquecimento global é significativo.
Em São Paulo, a expectativa é que a chuva cinzenta se manifeste em várias áreas, repetindo o que ocorreu em 2019 com a fumaça da Amazônia.