O Laboratório de Exploração do Espaço Profundo da China (DSEL) conduziu, nos dias 26 e 27 de abril, um experimento de medição de distância a laser entre a Terra e o satélite Tiandu-1, atualmente em órbita lunar. A operação foi realizada durante o dia, sob condições intensas de luz solar, e é considerada, segundo autoridades chinesas, o primeiro teste bem-sucedido desse tipo no espaço Terra-Lua.
A experiência foi transmitida pela emissora estatal CCTV e relatada por pesquisadores da Academia Chinesa de Ciências. O satélite Tiandu-1 foi lançado em março de 2023 como parte de uma missão que também levou ao espaço os satélites Tiandu-2 e Queqiao-2, todos com foco no desenvolvimento de um sistema de comunicação e navegação entre a Terra e a Lua.
A tecnologia de medição de alcance a laser por satélite é utilizada para determinar com precisão a distância entre a Terra e satélites em órbita. O processo envolve o disparo de pulsos de laser a partir de estações em solo terrestre, que atingem um retrorrefletor no satélite e retornam com informações que permitem o cálculo da distância percorrida.
Tradicionalmente, esse tipo de experimento no espaço Terra-Lua tem sido realizado apenas durante a noite, devido à dificuldade de distinguir os sinais de laser da intensa luz diurna, que interfere nos dados e pode provocar perdas por ruído de fundo. A realização do teste sob luz solar amplia as possibilidades de coleta de dados, ao estender as janelas de observação para missões em órbitas lunares ou de espaço profundo.
O DSEL afirmou que a operação representa um avanço técnico relevante para as futuras missões espaciais do país. A medição durante o dia foi descrita como um processo de extrema precisão, comparado por especialistas a tentar acertar um alvo do tamanho de um fio de cabelo a uma distância de 10 quilômetros, enquanto se acompanha seu movimento em alta velocidade.
Li Yuqiang, pesquisador dos Observatórios de Yunnan da Academia Chinesa de Ciências, informou à agência Xinhua que a equipe conseguiu registrar com sucesso o sinal de retorno do laser a partir do retrorrefletor do Tiandu-1, posicionado a cerca de 130.000 quilômetros da Terra.
Desde o lançamento, o Tiandu-1 tem sido utilizado em diversos testes de verificação tecnológica, incluindo o envio de imagens da superfície lunar. O satélite é parte da estratégia de Pequim de consolidar um sistema autônomo de navegação e comunicação para suporte a operações espaciais de longo alcance, incluindo futuras missões à Lua.
A China planeja instalar uma Estação Internacional de Pesquisa Lunar em cooperação com a Rússia. O projeto visa estabelecer uma presença humana permanente no polo sul lunar. A missão que envolveu os satélites Tiandu integra essa estratégia ao fornecer subsídios para o desenvolvimento da constelação Queqiao, voltada à comunicação e navegação no espaço profundo.
Os resultados do experimento de alcance a laser podem ser aplicados tanto no rastreamento orbital de satélites quanto na orientação de espaçonaves, além de apoiar operações de posicionamento em ambiente lunar. Essa tecnologia é considerada a mais precisa disponível atualmente para determinar a órbita de satélites, segundo técnicos do DSEL.
Além do suporte à estação lunar planejada, os dados coletados a partir do teste deverão ser incorporados às futuras missões tripuladas que a China pretende realizar até 2030. O objetivo declarado do governo chinês é pousar seus primeiros astronautas na Lua até o final da próxima década e desenvolver atividades de pesquisa na região do polo sul até 2035.
A constelação Queqiao, em construção, foi projetada para oferecer suporte contínuo a essas operações e garantir comunicação entre a superfície lunar e os centros de controle terrestres. O desempenho dos satélites Tiandu, inclusive nas medições realizadas neste mês, será um dos elementos utilizados para validar os sistemas envolvidos.
O sucesso do experimento amplia a margem operacional para novas campanhas de coleta de dados no espaço entre a Terra e a Lua, oferecendo suporte técnico às ambições chinesas no campo da exploração espacial. A iniciativa marca mais um passo no programa espacial da China voltado à presença sustentável em solo lunar e ao desenvolvimento de tecnologias aplicáveis à exploração do espaço profundo.
Com informações da SCMP