Doutor em ciência política, analista de relações internacionais e apresentador do canal TVGGN, Pedro Costa Jr dissecou, em sua participação no programa TVGGN 20 Horas [assista abaixo] de segunda-feira (16), o cenário de instabilidade no Oriente Médio, com Israel e Irã escalando o conflito armado e as ameaças do regime sionista, de forçar uma mudança no governo iraniano a partir do assassinado de suas lideranças.

Segundo Costa Jr, Benjamin Netanyahu pode ser caracterizado como o atual “senhor da guerra ” dessas primeiras décadas do séculos XXI. Sua estratégia principal, ao deflagrar quatro guerras simultâneas (Cisjordânia/Gaza, Líbano, Iêmen e, agora, Irã), seria arrastar os Estados Unidos para transformar o conflito regional em uma guerra global.

Imagem: Pixabay

Durante o bate-papo com o jornalista Luis Nassif, Costa Jr explicou que divisões internas nos EUA têm retardado a entrada total do presidente Donald Trump nas guerras criadas por Israel. Ironicamente, um governo Biden ou de Kamala Harris já teria levado os EUA a uma intervenção direta, avalia Costa Jr.

Para além dos interesses políticos e econômicos dos EUA, é preciso considerar outros fatores. Entre ele, o fato de que o Irã não é “qualquer um”, mas sim um país com poderio bélico e uma parceria estratégica militar, econômica e energética recente com a Rússia.

O Irã tem ainda outro trunfo, que é ser o principal fornecedor de petróleo da China e o fato de que as principais rotas da iniciativa “Cinturão e Rota” (Nova Rota da Seda) passam pelo Irã. Assim, a China não assistiria passivamente a uma tentativa de “mudança de regime” no Irã, embora isso não signifique uma entrada direta na guerra, explicou Costa Jr. “Há maneiras e maneiras de reagir”, e a China deve dar um jeito de impedir fazer valer seus interesses na região.

O Irã também conta com o apoio declarado recentemente pelo Paquistão. Segundo Costa Jr, o Paquistão essa declaração “muda o jogo”, pois se Israel é uma potência nuclear, o apoio de outra potência nuclear (Paquistão) ao Irã cria um cenário de risco ainda maior. A Turquia também está observando o conflito com receio de ser a próxima vítima de Israel.

O analista ponderou ainda sobre a dificuldade de gerar uma mudança de regime no Irã, que é um país de caráter nacionalista exacerbado, com uma sociedade “blindada” à influência estrangeira, ao contrário de outras civilizações onde ocorreram “revoluções coloridas” ou golpes de governo.

Por fim, Costa Jr mencionou que, em um cenário de escalada global da guerra, o Irã tem a opção de bloquear o Estreito de Ormuz (por onde passa cerca de 30% do petróleo mundial), o que dispararia o preço do petróleo brutalmente.

Lula no G7 e os interesses de Trump

Durante sua participação no programa TVGGN 20 Horas, o cientista político Pedro Costa Jr lembrou que Lula é o único presidente brasileiro convidado para todas as cúpulas do G7 e preside o BRICS, um contraponto econômico ao G7, cujas economias combinadas são maiores.

Ele sugeriu que a voz de Lula pode ter maior relevância no contexto de Trump propor a volta da Rússia ao G7. Embora o BRICS seja um agrupamento econômico e não militar, questões como sanções envolvendo Rússia, China e Irã (membros do BRICS) poderiam ser discutidas.

Já do ponto de vista das decisões de Donald Trump a respeito de Israel, que muitos analistas consideram sem estratégia clara, Costa Jr avaliou que o presidente americano é, em sua opinião, um “arquiteto do caos”. Há estratégia na loucura. O plano seria desmantelar a ordem internacional para manter a dificuldade de outros concorrentes dos EUA. Sua proposta é focar nos problemas internos e potencialmente trazer a Rússia de volta ao G7 (formando um G8), “jogando tudo contra a China”.

Assista a entrevista abaixo, a partir de 33 minutos e 24 segundos:

Este texto foi escrito com auxílio de I.A.

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Last Update: 17/06/2025