China manda sinal verde para que UE se alie contra a guerra comercial de Trump

O governo chinês voltou a criticar a política tarifária dos Estados Unidos e reafirmou seu compromisso com a defesa do comércio multilateral, em declaração feita nesta segunda-feira, 14, pelo porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian.

A fala ocorreu em resposta a questionamentos sobre o diálogo entre China e União Europeia (UE) a respeito das tarifas impostas por Washington.

Segundo Lin, o uso de tarifas pelos Estados Unidos como instrumento de pressão constitui “um exemplo típico de unilateralismo e protecionismo”, e tem causado prejuízos a diversas economias globais, incluindo a China e a UE.

A declaração ocorre em um contexto de aumento das tensões comerciais envolvendo os três principais blocos econômicos do mundo.

Lin destacou que China e União Europeia ocupam, respectivamente, a segunda e a terceira posições entre as maiores economias do planeta.

De acordo com o porta-voz, a soma da produção econômica dos dois blocos corresponde a mais de um terço do Produto Interno Bruto (PIB) global, e o volume de comércio bilateral representa aproximadamente um quarto do comércio mundial.

Durante a coletiva, Lin afirmou que tanto a China quanto a União Europeia têm posição clara em defesa da globalização econômica e da liberalização comercial. Segundo ele, ambas as partes se colocam como defensoras da Organização Mundial do Comércio (OMC) e do sistema multilateral baseado em regras.

“A UE e a China estão comprometidas em salvaguardar o sistema de comércio multilateral justo e livre, tendo a OMC como seu núcleo”, disse Lin. Ele acrescentou que essa postura visa a garantir o desenvolvimento estável das relações econômicas e comerciais internacionais, com foco na previsibilidade e segurança jurídica das transações globais.

O porta-voz também declarou que o governo chinês já adotou e continuará a adotar “medidas resolutas” para proteger seus interesses legítimos diante do atual cenário geopolítico.

Ele reiterou que a China está disposta a cooperar com outros países e blocos econômicos para promover a estabilidade e o crescimento sustentável do comércio internacional.

De acordo com Lin, o país asiático está “pronto para trabalhar com a comunidade internacional, incluindo a UE, para aprimorar a comunicação e a coordenação, compartilhar oportunidades de desenvolvimento, expandir a cooperação aberta e alcançar benefícios mútuos e resultados vantajosos para todos”.

As declarações ocorrem em meio a novas discussões sobre as tarifas impostas pelos Estados Unidos a produtos chineses, tema que tem sido objeto de críticas frequentes por parte de Pequim e preocupação entre países europeus.

Washington tem intensificado barreiras comerciais com o argumento de proteger setores estratégicos e corrigir desequilíbrios na balança comercial, o que tem levado a reações diplomáticas de seus principais parceiros econômicos.

A União Europeia, por sua vez, também avalia medidas em resposta à guerra comercial entre EUA e China, devido ao impacto indireto que o conflito pode gerar sobre suas exportações e cadeias de suprimentos.

Representantes da Comissão Europeia têm defendido a necessidade de reforçar o papel da OMC na resolução de disputas comerciais e evitar fragmentações no sistema global de comércio.

O posicionamento de Pequim reflete o esforço do governo chinês em se apresentar como ator comprometido com a ordem econômica multilateral em um contexto de crescente polarização internacional.

A China tem buscado intensificar seus laços com parceiros europeus e outras economias emergentes, com o objetivo de reduzir sua dependência de mercados considerados politicamente instáveis.

A aproximação entre China e União Europeia também ocorre em meio a negociações sobre acordos bilaterais em áreas como tecnologia, energia e transição climática.

Ambos os lados têm defendido o aprofundamento da cooperação em setores estratégicos, ao mesmo tempo em que monitoram o impacto de medidas adotadas por Washington sobre o comércio internacional.

Até o momento, não houve resposta oficial por parte do governo dos Estados Unidos às declarações feitas por Lin Jian. A Casa Branca tem reiterado sua política de defesa da indústria nacional, mas enfrenta pressões internas e externas para equilibrar a proteção de setores sensíveis com os compromissos internacionais assumidos no âmbito da OMC.

O cenário global permanece em observação por diplomatas e agentes econômicos, que acompanham os desdobramentos das tensões comerciais entre as maiores potências econômicas do mundo e seus reflexos sobre a estabilidade das cadeias globais de produção e investimento.

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