A China investiu cerca de US\$ 66 bilhões no Brasil nos últimos 14 anos, segundo dados do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC) e da embaixada chinesa. Este é o maior volume de investimentos chineses no país já registrado, consolidando o país asiático como ator decisivo na modernização da base produtiva brasileira e na geração de empregos qualificados.
Os aportes se concentram em setores estratégicos como energia, infraestrutura, agronegócio e tecnologia. O setor energético lidera os investimentos, somando US\$ 32,5 bilhões entre 2007 e 2022. Empresas estatais chinesas como State Grid, China Three Gorges (CTG) e State Power Investment Corporation (SPIC) são responsáveis por grandes projetos. Entre eles, destaca-se o Linhão de Belo Monte, que fornece energia renovável a mais de 60 milhões de brasileiros e gera cerca de 5 mil empregos diretos.
Na área de infraestrutura, o investimento alcançou US\$ 25 bilhões entre 2019 e 2024. O aporte tem sido decisivo para modernizar a logística brasileira e reduzir gargalos históricos. O Porto de São Luís, no Maranhão, e a construção da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL), que conectará o interior da Bahia ao litoral, são exemplos do impacto direto da presença chinesa.
Há também interesse chinês no projeto da Ferrogrão, que pretende ligar o estado do Mato Grosso ao Porto de Miritituba, no Pará, criando um corredor eficiente para o escoamento da produção agrícola. O projeto pode ajudar a diminuir custos logísticos e ampliar a competitividade do agronegócio brasileiro.
Nos últimos anos, a China também passou a mirar o setor da transição energética. A partir de 2025, montadoras chinesas como BYD e GWM iniciarão a produção de veículos elétricos e híbridos em fábricas localizadas nas cidades de Camaçari (BA) e Iracemápolis (SP). A expectativa é que os projetos impulsionem a mobilidade sustentável, estimulem a indústria automotiva nacional e gerem milhares de empregos.
No agronegócio, a cooperação entre Brasil e China avança em áreas como biotecnologia, agricultura de precisão e uso de drones. Uma parceria entre a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) e a autoridade de aviação da China permitiu a introdução de drones agrícolas da DJI para pulverização em lavouras brasileiras, aumentando a eficiência e reduzindo custos para os produtores.
Os investimentos refletem o fortalecimento das relações bilaterais, que incluem não apenas o comércio tradicional, mas também áreas inovadoras de pesquisa, desenvolvimento e tecnologias emergentes. O Brasil se beneficia do capital e da expertise tecnológica chinesa, enquanto a China garante o acesso a recursos estratégicos e consolida sua presença econômica no maior país da América do Sul.
Os resultados dos investimentos chineses no Brasil são visíveis na diversificação da matriz energética, na melhoria da infraestrutura logística e no desenvolvimento de uma indústria mais sustentável e tecnologicamente avançada. A continuidade dessa parceria tem potencial para aprofundar ainda mais a integração econômica entre os dois países nos próximos anos.