A China começou uma investigação sobre produtos lácteos importados da Europa, em mais um capítulo da crescente disputa comercial com a União Europeia. A medida foi anunciada um dia após a Comissão Europeia ter imposto taxas adicionais sobre a importação de veículos elétricos chineses, apesar das objeções de Pequim.
O Ministério do Comércio da China disse que a investigação foi motivada por reclamações de fabricantes locais sobre os subsídios concedidos aos produtores europeus. A investigação abrangerá “certos produtos”, como cremes e queijos.
Essa ação é a retaliação mais contundente de Pequim até o momento contra as tarifas sobre veículos elétricos impostas por Bruxelas. Além disso, a China já iniciou investigações antidumping sobre conhaque francês e carne suína importada da UE, além de ter apresentado uma queixa à Organização Mundial do Comércio.
O principal diplomata da UE, Josep Borrell, disse que a União Europeia “não deve ser ingênua”, mas reconheceu que uma guerra comercial é “talvez… inevitável”.
A Comissão Europeia disse que Bruxelas “toma nota” da decisão da China de iniciar uma investigação antissubsídios sobre certos produtos lácteos e que acompanhará o processo “muito de perto”. A comissão defenderá firmemente os interesses da indústria de laticínios da UE e intervirá conforme necessário para garantir que a investigação cumpra integralmente as regras relevantes da OMC.
No ano passado, as exportações europeias de laticínios para a China foram avaliadas em cerca de €1,8 bilhão, uma queda em relação aos €2 bilhões do ano anterior, segundo dados comerciais da Comissão Europeia, representando cerca de 9,5% do total das exportações de laticínios da UE.
Associações da indústria de laticínios chinesa alegam que os produtos lácteos importados da UE têm se beneficiado de 20 programas de subsídios. A Alemanha é o maior produtor de leite, manteiga e queijo do bloco, seguida pela França.
A participação das importações no mercado de fórmulas infantis da China, onde a concorrência aumentou e as regulamentações foram endurecidas, caiu de 51% em 2019 para 44% em 2023, de acordo com o banco holandês Rabobank.
A queda na taxa de natalidade na China também levou empresas nacionais e estrangeiras a lançarem novos produtos voltados para consumidores mais velhos. As importações de leite em pó e leite fluido também diminuíram este ano, em função do aumento da produção doméstica, segundo estimativas do Departamento de Agricultura dos EUA em maio.
O crescimento da produção de leite cru continua a superar o consumo, criando um excesso de oferta no mercado chinês, apontou o relatório.