O Ministério do Comércio da China acusou os Estados Unidos, nesta segunda-feira, 2, de comprometerem seriamente os acordos firmados nas mais recentes negociações econômicas e comerciais realizadas em Genebra.
A declaração foi divulgada pela agência estatal Xinhua, com base em um pronunciamento de um porta-voz oficial da pasta, e ocorre em resposta a uma série de medidas unilaterais adotadas por Washington nas últimas semanas.
De acordo com o comunicado, o governo chinês afirmou que os Estados Unidos têm imposto restrições comerciais que contrariam compromissos assumidos em um diálogo entre os presidentes Xi Jinping e Donald Trump, realizado por telefone em 17 de janeiro.
Entre as medidas citadas estão novas diretrizes norte-americanas para controle de exportações de chips de inteligência artificial, a suspensão da venda de softwares de design de semicondutores para empresas chinesas e o cancelamento de vistos concedidos a estudantes da China.
“As medidas dos EUA violaram gravemente o consenso alcançado”, declarou o porta-voz. “Em vez de refletir sobre suas próprias ações, os Estados Unidos acusaram infundadamente a China de violar o consenso, uma alegação que distorce grosseiramente os fatos. A China rejeitou firmemente essas acusações injustificadas”, acrescentou.
O posicionamento oficial da China indica um agravamento nas relações bilaterais e acusa Washington de agir de maneira provocativa e unilateral. Segundo a autoridade chinesa, tais medidas norte-americanas aumentam a instabilidade no ambiente comercial entre os dois países e dificultam avanços na cooperação econômica.
“Os Estados Unidos provocaram unilateralmente e repetidamente novos atritos econômicos e comerciais, exacerbando a incerteza e a instabilidade nas relações bilaterais”, afirmou o porta-voz.
A nota ressalta que a China, por sua vez, teria cumprido os compromissos estabelecidos no entendimento de Genebra, inclusive com a suspensão de tarifas e outras barreiras comerciais.
“A China é firme na proteção de seus direitos e interesses e sincera na implementação do consenso”, disse o representante. Ele também afirmou que os avanços obtidos em Genebra foram difíceis de alcançar e que exigem responsabilidade de ambas as partes para que possam ser mantidos.
O Ministério do Comércio da China instou os Estados Unidos a reverterem imediatamente as medidas recentes e pediu que os dois países colaborem para preservar os acordos firmados.
“Pedimos que os EUA corrijam imediatamente as suas práticas equivocadas”, declarou o porta-voz. Ele ainda sugeriu que uma atuação coordenada entre as duas potências seria necessária para garantir um ambiente comercial estável e vantajoso para ambos os lados.
O comunicado encerra com uma advertência de que, caso Washington mantenha as restrições atuais, Pequim adotará medidas proporcionais em defesa de seus interesses.
“Se os EUA insistirem em seguir o caminho errado e continuarem a prejudicar os interesses da China, a China tomará medidas energéticas para proteger seus direitos e interesses legítimos”, afirmou.
As acusações ocorrem em meio a uma escalada de tensões comerciais que, apesar de diversos encontros diplomáticos, ainda não foram plenamente resolvidas.
As divergências entre os dois países têm se intensificado em áreas estratégicas, como tecnologia, segurança cibernética e educação, com impactos diretos sobre investimentos e cadeias de suprimentos globais.
A China considera que os compromissos negociados recentemente, embora parciais, foram resultado de um esforço conjunto para evitar o agravamento das disputas econômicas. No entanto, o governo chinês entende que as recentes ações dos Estados Unidos colocam em risco esses avanços e ameaçam os canais de diálogo estabelecidos.
Com a possibilidade de retaliações, o episódio sinaliza uma nova fase de impasses comerciais entre as duas maiores economias do mundo. Até o momento, autoridades norte-americanas não comentaram publicamente as declarações chinesas divulgadas nesta segunda-feira.