A emissora estatal chinesa CCTV retransmitiu nesta quinta-feira, 9, imagens de sua linha de produção automatizada do míssil ar-ar PL-15E, tecnologia de longo alcance desenvolvida para exportação.
A reapresentação do conteúdo, exibido originalmente em julho de 2023, ocorreu horas após o governo do Paquistão afirmar que utilizou a arma de fabricação chinesa para derrubar cinco aeronaves indianas durante confronto recente na região da Caxemira.
As imagens destacaram a operação de braços robóticos na montagem dos mísseis, executando tarefas como instalação de componentes, soldagem e inspeções de qualidade.
A produção é realizada de forma totalmente automatizada, sem intervenção humana, conforme explicações de técnicos ligados à Corporação da Indústria de Aviação da China (AVIC), responsável pelo sistema.
“Nossa linha de produção flexível na Academia de Mísseis Aerotransportados da China permite a identificação, instalação, soldagem e inspeção de qualidade automatizadas de componentes. Seu processo de montagem é totalmente automatizado”, afirmou Yao Changhong, diretor da divisão de equipamentos elétricos da AVIC.
Segundo ele, “assim que os materiais estiverem prontos e o software configurado, o processo será executado automaticamente, sem necessidade de intervenção humana”.
De acordo com a emissora, a linha de produção pode operar de forma contínua, 24 horas por dia, sendo adaptável a diferentes tipos e variantes de mísseis. O modelo também permite a fabricação de pequenos lotes com múltiplas configurações, dependendo da demanda.
Lu Hongxun, identificado como especialista da AVIC, declarou que os mísseis ar-ar do país “agora entraram no estágio de fabricação inteligente, capazes de automação não tripulada 24 horas por dia”.
A retransmissão das imagens gerou interpretações nas redes sociais chinesas de que a China estaria buscando demonstrar capacidade de produção em larga escala com custos reduzidos, o que poderia indicar interesse em ampliar sua atuação no mercado internacional de defesa.
O míssil PL-15E é uma versão para exportação do modelo PL-15, projetado para combates aéreos de longo alcance. A quarta geração do PL-15E possui alcance estimado de até 145 quilômetros e é equipada com sistema de ignição múltipla, que prolonga o tempo de funcionamento do motor e melhora a velocidade e manobrabilidade na fase final de trajetória.
O armamento pode ser integrado a caças J-10CE, que possuem radares com alcance de detecção de até 250 quilômetros. O conjunto permite a interceptação de alvos a grandes distâncias, ampliando a margem de segurança para a aeronave lançadora, que pode realizar o ataque antes de ser detectada ou atingida.
Segundo relatório do portal especializado The War Zone, destroços de mísseis PL-15E foram encontrados em ao menos dois locais diferentes após os combates ocorridos na última quarta-feira entre Índia e Paquistão.
A informação aponta que o Paquistão utilizou o armamento chinês durante a ofensiva, na qual alegou ter derrubado cinco aeronaves indianas, incluindo caças Rafale, de origem francesa, e modelos Su-30MKI, fabricados na Índia com base em projeto russo.
Os confrontos ocorreram na região da Caxemira, área de disputa entre os dois países. Apesar da escassez de dados oficiais, o uso do PL-15E foi confirmado por autoridades militares paquistanesas, segundo o site. O contexto do combate e a reapresentação das imagens da linha de produção foram tratados como coincidentes por usuários de plataformas digitais na China.
Comparado ao míssil norte-americano AIM-120C/D, da mesma categoria, o PL-15E apresenta alcance superior. O armamento dos Estados Unidos é estimado em cerca de 120 quilômetros.
As autoridades chinesas não comentaram a operação militar paquistanesa nem o possível uso do PL-15E nos confrontos recentes. A CCTV limitou-se a apresentar as características do sistema automatizado e do míssil, sem associar diretamente sua exibição ao conflito regional.
A China é atualmente uma das principais fornecedoras de armamentos do Paquistão, com diversos acordos envolvendo transferência de tecnologia e fornecimento de caças, drones e mísseis. A exibição da produção do PL-15E ocorre em um momento de atenção internacional ao uso de armas de alta precisão em regiões de tensão geopolítica.
Com informações da SCMP