Líder chinês, o convidado de mais alto nível das comemorações da Segunda Guerra Mundial em Moscou, está ansioso para manter um relacionamento “profundo” com a Rússia


O presidente da China, Xi Jinping, afirmou ao líder russo, Vladimir Putin, que seu país permanecerá ao lado de Moscou diante do “unilateralismo e do intervencionismo hegemônico”, durante uma visita a Rússia para comemorar o fim da Segunda Guerra Mundial. Xi chegou a Moscou na última quinta-feira, no início de uma viagem de quatro dias. Ele destacou o fortalecimento da confiança entre os dois países, parecendo criticar indiretamente as críticas ocidentais à ofensiva contínua da Rússia na Ucrânia — conflito que Putin tem descrito como uma luta contra neo-nazistas.

“Diante da contracorrente internacional do unilateralismo e do comportamento hegemônico, a China trabalhará com a Rússia para assumir as responsabilidades especiais das grandes potências mundiais”, disse Xi a Putin.

Recebendo Xi como um “amigo querido” no Kremlin, Putin aproveitou para reafirmar o papel da Rússia na Segunda Guerra Mundial — tema sobre o qual ele há muito acusa o Ocidente de tentar diminuir a importância. O presidente russo também reforçou sua narrativa de que a guerra na Ucrânia é uma nova batalha contra o nazismo.

“Juntamente com nossos amigos chineses, estamos firmemente comprometidos em proteger a verdade histórica, preservar a memória dos eventos de guerra e combater as manifestações modernas do neo-nazismo e do militarismo”, afirmou.

Segundo Putin, Rússia e China agora se unem contra o “neo-nazismo”.

Nesta semana, o Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia pediu aos países que não enviem forças militares aos eventos do Dia da Vitória, argumentando que isso iria contra a neutralidade declarada por alguns deles.

A China se apresenta como neutra no conflito, mas Kiev afirma que cidadãos chineses teriam sido enviados para ajudar Moscou no território ucraniano.

“Visão correta”

Xi afirmou que China e Rússia defenderão conjuntamente a “visão correta” da história da Segunda Guerra Mundial, protegerão a “autoridade e o status” das Nações Unidas e defenderão os “direitos e interesses” da China, da Rússia e da “vasta maioria dos países em desenvolvimento”, com o objetivo de promover uma globalização econômica “igualitária, ordenada, multipolar e inclusiva”.

A visita ocorre enquanto o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pressiona Rússia e Ucrânia a fecharem um acordo de paz após mais de três anos de guerra. Washington iniciou uma reaproximação diplomática discreta com Moscou — algo que pode estar deixando Pequim inquieto.

“Muitos dizem que a China tem algumas preocupações com a atual reaproximação entre Rússia e EUA, algo bastante visível nos últimos dias. E isso pode significar uma mudança geopolítica que venha a afetar a China”, afirmou Yulia Shapovalova, correspondente da Al Jazeera em Moscou.

Xi, cujo país está envolvido em uma guerra comercial com os EUA, deve assinar diversos acordos para aprofundar a parceria estratégica “sem limites” estabelecida com a Rússia em 2022, pouco menos de três semanas antes da invasão russa à Ucrânia.

Shapovalova destacou que a delegação chinesa deve discutir o gasoduto Power of Siberia 2, projeto “há muito adiado” devido a desentendimentos sobre custos.

“A pressão econômica em ambos os lados pode aproximá-los de um acordo desta vez”, disse Shapovalova.

Com informações de Al Jazeera e agências de notícias*

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Last Update: 10/05/2025