Nesta segunda-feira (12), foi anunciado um acordo entre Estados Unidos e China para a redução das tarifas recíprocas de exportação, em meio a guerra comercial que vem ocorrendo há cerca de dois meses. Os países acordaram que, durante os próximos 90 dias, não haverá nenhuma nova medida comercial contra o outro, bem como haverá redução nas tarifas de exportação recíprocas entre China e EUA.
Chegou-se ao acordo após dois dias de reuniões em Genebra, as primeiras reuniões presenciais entre autoridades norte-americanas e chinesas desde o início do segundo mandato de Donald Trump. Iniciada em março pelo governo Trump, a guerra tarifária chegou a estabelecer um aumento de 145% nas tarifas de importação de produtos chineses.
A China, por sua vez, reagiu, e elevou a 125% suas tarifas de importação para produtos norte-americanos. Conforme noticiado pela emissora Al Mayadeen, a escalada da guerra comercial paralisou quase US$600 bilhões em comércio bilateral, alimentou temores de inflação e levou à perda de empregos em diversos setores.
Noticiando sobre a recepção do acordo, o jornal norte-americano The Washington Post, informou que “ambos os lados estão comemorando a suspensão temporária”, bem como a redução das tarifas. Em declaração conjunta divulgada no portal da Casa Branca, os governos dos dois países afirmaram que o acordo foi feito “no espírito de abertura mútua, comunicação contínua, cooperação e respeito mútuo”.
Em declaração, o secretário do Tesouro dos EUA Scott Bessent, afirmou, durante entrevista coletiva em Genebra, que “o consenso de ambas as delegações neste fim de semana é que nenhum dos lados quer uma dissociação, e o que ocorreu com essas tarifas muito altas foi o equivalente a um embargo comercial, e nenhum dos lados quer isso”, acrescentando que “nós queremos comércio. Queremos um comércio mais equilibrado e acredito que ambos os lados estão comprometidos em alcançar isso”.
No mesmo sentido se posicionou o Ministério do Comércio da China. Elogiando o resultado das conversações, afirmo que o acordo foi um “progresso substancial” e que se trata de uma medida alinhada ao “interesse comum do mundo”.
O porta-voz do Ministério também afirmou que “esperamos que os EUA continuem a trabalhar com a China para chegarem a um acordo com base nesta reunião, corrigirem completamente a prática equivocada de aumentos unilaterais de tarifas, fortalecerem continuamente a cooperação mutuamente benéfica, manterem o desenvolvimento saudável, estável e sustentável das relações econômicas e comerciais entre a China e os EUA e, em conjunto, injetarem mais certeza e estabilidade na economia mundial“, conforme noticiado pelo jornal chinês Global Times.
No início da guerra tarifária, houve forte desvalorização em ações de inúmeras empresas em todo o mundo, inclusive àquelas que fazem parte do monopólio imperialista. Com o acordo, veio alívio imediato aos mercados globais, com a subida de ações dos EUA subiram e o dólar se fortaleceu em relação a moedas consideradas portos-seguros, conforme noticiado pela emissora libanesa Al Mayadeen, que informou também que “as ações chinesas dispararam e o yuan atingiu a máxima em seis meses na segunda-feira”. Houve valorização das ações chinesas tanto na China continental, quanto em Hong Kong, uma região administrativa especial do país, que mantém sistemas governamentais e econômicos separados daquele da China continental sob o princípio de um país, dois sistemas.
O norte-americano Wall Street Journal afirmou que “acordo comercial surpreendente entre EUA e China dá à economia global um grande alívio“, acrescentando que “as reduções tarifárias são maiores do que o esperado“. Em avaliação semelhante, o presidente da Spring Mountain Pu Jiang Investment Management em Xangai, William Xin afirmou que “o resultado superou em muito as expectativas do mercado”, acrescentando que “anteriormente, a esperança era apenas que as duas partes pudessem se sentar para conversar. Agora há mais certeza. Tanto as ações chinesas quanto o yuan estarão em alta por um tempo”.
À luz do acordo, China e EUA declararam que discussões mais amplas continuarão e que esse período inicial de 90 dias é vista como uma fase de construção de confiança rumo a uma estrutura mais duradoura.