A China assume a liderança do quadro de medalhas dos Jogos Olímpicos de Paris-2024 na última quarta-feira (31), desbancando o Japão, e segue na frente dos Estados Unidos até esta quinta-feira (1°), que geralmente leva mais medalhas nas competições. Com 11 medalhas de ouro, 7 de prata e 6 de bronze, os chineses agora ocupam a primeira posição, enquanto os estadunidenses, com 9 ouros, 15 pratas e 13 bronzes, segue na cola. A França, anfitriã, ocupa a terceira posição com 8 ouros, 11 pratas e 8 bronzes.
O domínio chinês nas Olimpíadas não é novidade. Desde que o tênis de mesa foi introduzido nos Jogos em 1988, a China faturou 32 das 37 medalhas de ouro olímpicas na modalidade. Nesta edição, o país asiático já saiu na frente com o 1° ouro garantido nas duplas mistas.
O governo chinês sempre buscou estender esse domínio à tabela geral de medalhas, mas a ambição atual vai além do que foi visto em 2008, quando Pequim sediou os Jogos Olímpicos pela primeira vez, marcando a ascensão da China como uma potência mundial.
Entre as Olimpíadas de 2008 e os Jogos de Inverno de 2022, também sediados por Pequim, o país socialista triplicou sua economia, reduziu drasticamente a poluição do ar e decretou o fim da pobreza extrema. Politicamente, a partir de 2012, o país se afastou do modelo de liderança coletiva para uma centralização em torno do Partido Comunista e do presidente Xi Jinping.
Xi, um amante declarado de futebol, inicialmente ambicionava tornar a China uma potência nesse esporte. Contudo, seguidos escândalos de corrupção e o fraco desempenho da seleção nacional enterraram esse sonho.
A Olimpíada, entretanto, segue como uma plataforma crucial para o país socialista rivalizar com os Estados Unidos pelo topo da tabela de medalhas. Nos Jogos de Pequim de 2008, a China superou os EUA em ouros conquistados, com 48 contra 36. De 1996 a 2020, os estadunidenses conquistaram 285 medalhas de ouro, enquanto os chineses chegaram ao topo do pódio 226 vezes.
Apesar do alto custo dos grandes eventos e da ênfase excessiva em medalhas, que causaram incômodo em parte do público, o governo chinês alterou seu foco para financiar esportes populares.
A professora de antropologia Susan Brownell, da Universidade de Missouri, uma das maiores especialistas em esporte na China, afirma que décadas de crescimento econômico acelerado naturalmente levaram o país a se tornar uma potência esportiva, usada pelo governo para estimular a autoconfiança da população.
Com a Rússia banida dos Jogos, a competição geopolítica em Paris-2024 se concentra na crescente rivalidade entre a China e o Ocidente, sobretudo os Estados Unidos. Segundo Brownell, embora um tipo de nacionalismo mais agressivo tenha se fortalecido na Ásia, a ambição de obter soft power por meio do esporte permanece inalterada.