A China confirmou nesta quarta-feira, 23, os planos para construir uma usina nuclear na superfície da Lua, com o objetivo de fornecer energia à Estação Internacional de Pesquisa Lunar (ILRS), projeto desenvolvido em parceria com a Rússia.

A iniciativa foi detalhada durante a apresentação da missão Chang’e 8, prevista para ser lançada em 2028.

De acordo com informações divulgadas pelo site The Independent, o engenheiro-chefe da missão, Pei Zhaoyu, afirmou que a proposta busca assegurar um fornecimento contínuo de eletricidade para a operação de equipamentos e a permanência de astronautas no satélite.

Além da energia nuclear, a missão também estuda a instalação de grandes painéis solares, que poderão ser posicionados na superfície lunar. Esses painéis estarão conectados a redes de cabos e dutos destinados a transportar calor e energia até os pontos estratégicos da estação.

A construção da usina nuclear faz parte de um plano conjunto entre China e Rússia, que prevê a instalação de um reator no solo lunar até o ano de 2035.

Segundo os responsáveis pelo projeto, o equipamento será essencial para garantir o funcionamento prolongado da ILRS e possibilitar a realização de missões espaciais de longa duração.

A estratégia chinesa, que busca estabelecer uma base no polo sul da Lua, ocorre de forma paralela ao programa Artemis, da Agência Espacial dos Estados Unidos (NASA). Os Estados Unidos planejam realizar o retorno de astronautas ao solo lunar em 2027, em uma disputa tecnológica e científica pela presença permanente no satélite natural da Terra.

Durante a apresentação da missão Chang’e 8, Pei Zhaoyu explicou que o principal objetivo será testar diferentes métodos de geração de energia, além de iniciar os primeiros experimentos para viabilizar uma base habitável. A missão também permitirá o desenvolvimento de tecnologias de suporte à vida e de infraestrutura para a estação lunar.

Wu Weiren, chefe do programa lunar da China, declarou que um modelo básico da ILRS deverá ser concluído em menos de uma década. Esse modelo inicial servirá como núcleo para futuras expansões da estação. Segundo ele, “um protótipo será construído nos próximos anos, estabelecendo a base para o desenvolvimento posterior da instalação”.

Atualmente, o projeto ILRS reúne 17 países e organizações que já demonstraram interesse em participar da iniciativa. Embora a China não tivesse oficializado anteriormente a intenção de instalar um reator nuclear na Lua, a apresentação da proposta a representantes das nações envolvidas indica a consolidação dessa estratégia no planejamento da estação.

Em alinhamento com os avanços do projeto, a China pretende lançar no futuro o chamado “Projeto 555”, que prevê a integração de 50 países, 500 instituições e 5.000 cientistas ao ILRS. A proposta tem como meta transformar a estação lunar em uma plataforma científica internacional, promovendo a cooperação global no desenvolvimento de pesquisas espaciais.

O plano de construção da usina nuclear e o estabelecimento da estação de pesquisa no polo sul lunar reforçam a disputa entre China, Rússia e Estados Unidos pela presença estratégica na Lua.

O programa Artemis, liderado pela NASA, também tem como foco a região do polo sul, local considerado adequado para a instalação de bases permanentes devido à presença de depósitos de gelo, que podem ser utilizados para obtenção de água potável e combustível.

A missão Chang’e 8 integra o programa de exploração lunar da China, que já realizou outros voos de reconhecimento e coleta de amostras do solo lunar.

As missões anteriores, como a Chang’e 5, responsável por trazer material da superfície da Lua para a Terra em 2020, demonstram a continuidade dos esforços chineses para consolidar presença no espaço.

Além da geração de energia, a Chang’e 8 deverá conduzir experimentos relacionados à utilização de recursos lunares e à produção de oxigênio, com a intenção de reduzir a dependência de suprimentos enviados da Terra.

A proposta é que a estação possa operar de forma autossuficiente, garantindo condições para a realização de atividades científicas e a presença prolongada de astronautas no local.

O cronograma divulgado pelas autoridades espaciais chinesas indica que o desenvolvimento da estação seguirá em etapas, com missões destinadas à montagem da infraestrutura e ao aperfeiçoamento das tecnologias necessárias para garantir a segurança e a sustentabilidade do projeto.

O reator nuclear planejado para a estação terá papel central nesse processo, funcionando como uma fonte de energia estável para manter em operação os sistemas de suporte à vida, laboratórios e equipamentos científicos instalados na ILRS.

A construção e operação do reator estão previstas para ocorrer em cooperação com instituições russas, que também participam do planejamento técnico da estação.

Com a apresentação oficial da proposta durante a reunião com os países integrantes do ILRS, a China reforça a intenção de liderar iniciativas de exploração lunar em cooperação com outros governos e instituições científicas.

A expectativa é que os próximos anos sejam marcados por novas definições sobre a participação internacional no projeto e pelo avanço das tecnologias necessárias para a instalação da base lunar.

O governo chinês não detalhou os custos previstos para a construção da usina nuclear e da estação, mas destacou que o projeto faz parte de uma estratégia nacional de longo prazo voltada para o fortalecimento do setor espacial. A busca por fontes de energia confiáveis é considerada pelos engenheiros envolvidos como um fator decisivo para o sucesso da iniciativa.

A construção da ILRS e a utilização de um reator nuclear na Lua representam um dos maiores empreendimentos espaciais da atualidade, sinalizando uma nova fase da exploração do satélite natural e da disputa por protagonismo entre as potências envolvidas no setor aeroespacial.

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Last Update: 23/04/2025