A infraestrutura de carregamento para veículos de nova energia na China registrou crescimento de 47,6% no primeiro trimestre de 2025 em relação ao mesmo período de 2024, segundo dados divulgados pela Administração Nacional de Energia (ANE).
Ao final de março, o número acumulado de instalações em todo o território chinês chegou a aproximadamente 13,75 milhões.
O avanço reflete a estratégia do governo chinês para expandir a base de apoio ao setor de veículos elétricos e integrar esse segmento à estrutura energética nacional.
Em coletiva de imprensa recente, Zhang Xing, representante da ANE, informou que, desse total, 3,9 milhões de unidades são pontos de carregamento públicos e 9,85 milhões correspondem a instalações privadas.
O crescimento da infraestrutura também alcançou a malha rodoviária. Atualmente, 98% das áreas de serviço das rodovias chinesas possuem estações de carregamento, somando 38 mil pontos distribuídos ao longo das estradas.
Segundo Zhang, o país está próximo de completar a cobertura total dessas áreas, o que amplia o alcance da mobilidade elétrica em regiões intermunicipais e interestaduais.
Além das rodovias, o avanço também foi registrado em áreas rurais. De acordo com a ANE, treze províncias chinesas estenderam a cobertura de carregamento a todas as vilas, elevando a taxa de penetração nesse nível administrativo para 76,91%. O dado é considerado relevante dentro da meta de universalização do acesso à infraestrutura energética para veículos de nova energia.
Outro ponto abordado pela agência foi a integração dos veículos elétricos com a rede elétrica nacional. Segundo Zhang Xing, a ANE, em parceria com outros órgãos, iniciou programas-piloto para desenvolvimento da chamada tecnologia V2G (vehicle-to-grid), que permite que veículos elétricos se comuniquem com a rede elétrica, fornecendo energia armazenada de volta ao sistema.
Esses testes estão sendo conduzidos em nove cidades, incluindo Xangai, localizada no leste do país. No total, foram selecionados 30 projetos de carregamento bidirecional para validação dos modelos e das tecnologias envolvidas. A expectativa é de que os resultados ajudem a orientar futuras decisões sobre a ampliação dessas funcionalidades em larga escala.
Os testes visam avaliar a eficiência do carregamento bidirecional como uma solução para balanceamento da rede elétrica e armazenamento de energia, especialmente em horários de pico de demanda ou em regiões com oscilação na oferta energética. A tecnologia é considerada estratégica no contexto da transição energética, ao permitir que os veículos elétricos desempenhem funções além do transporte.
A expansão da rede de carregamento acompanha o crescimento da frota de veículos de nova energia na China, impulsionada por políticas de incentivo à eletrificação do setor automotivo.
O país lidera globalmente tanto na produção quanto no consumo desses veículos e tem adotado metas ambiciosas para redução das emissões de carbono no setor de transportes.
Desde o início da década, o governo chinês tem incentivado o desenvolvimento de tecnologias relacionadas à mobilidade elétrica, incluindo subsídios diretos à compra de veículos elétricos, investimentos em pesquisa e desenvolvimento, e programas de estímulo à produção local de componentes como baterias, inversores e sistemas de gestão de energia.
A Administração Nacional de Energia também informou que continuará ampliando os investimentos em infraestrutura de suporte, com foco em regiões menos desenvolvidas e em locais de difícil acesso. Segundo Zhang Xing, está em andamento a formulação de novos planos para ampliar a cobertura geográfica e melhorar a eficiência energética dos sistemas de carregamento.
Nos próximos meses, a ANE pretende publicar diretrizes para padronização de equipamentos e protocolos de comunicação entre veículos elétricos e a rede elétrica. A medida visa facilitar a interoperabilidade entre fabricantes e operadores de infraestrutura, além de reduzir custos operacionais e ampliar o acesso dos usuários às estações de carregamento.
A implementação de infraestrutura de carregamento compatível com diferentes modelos de veículos é um dos pilares da política energética chinesa para o setor automotivo. A expectativa do governo é de que a consolidação dessa base reduza a dependência de combustíveis fósseis e contribua para o cumprimento das metas climáticas estabelecidas no Acordo de Paris.
O avanço registrado no primeiro trimestre é considerado um dos marcos do plano quinquenal em vigor, que inclui metas específicas para expansão da infraestrutura elétrica voltada à mobilidade sustentável. O plano abrange também a instalação de painéis solares em áreas urbanas e a modernização das redes de distribuição para comportar o aumento do consumo elétrico associado à mobilidade.
O relatório trimestral apresentado pela ANE aponta que o país deve ultrapassar a marca de 15 milhões de pontos de carregamento até o fim de 2025, mantendo a atual taxa de crescimento.
A agência destacou que os esforços serão mantidos para garantir estabilidade no fornecimento de energia, otimizar os investimentos em novas tecnologias e assegurar o alinhamento entre a expansão da frota de veículos elétricos e a disponibilidade de infraestrutura.
Com esses dados, a China reforça sua posição como principal mercado global de veículos elétricos e infraestrutura de carregamento, sustentando sua estratégia de transição energética por meio de políticas públicas e integração tecnológica.