Apesar da temporada europeia ter sido dominada pelo Campeonato Brasileiro e pelas contratações, não posso deixar de refletir sobre a Olimpíada Paris 2024.

Olimpíadas são um marco fundamental para o desenvolvimento humano e a busca por fraternidade, desde sua criação na Grécia.

Ainda que vivamos em tempos de neoliberalismo, que afeta o esporte, Paris 2024 nos deu dias de esperança.

Vivemos duas semanas mergulhados nas transmissões das disputas de dezenas de modalidades. É impressionante que o Comitê Olímpico Internacional consiga garantir a persistência dos Jogos Olímpicos.

A Olimpíada é a expressão da vida moderna em toda sua amplitude, contemplando a brutalidade dos esportes violentos e a delicadeza do corpo em outras formas de disputa.

No esporte de alto rendimento, a diversidade da vida e as diferenças humanas são bem representadas. Os jogos revelam-se a expressão do viver dos nossos dias e a incorporação de novas modalidades é uma forma de acompanhar a evolução dos costumes.

Foi interessante a presença significativa de uma delegação de refugiados, composta de atletas sem um país para chamar de seu.

A delegação conquistou uma medalha e, embora os jogos sejam marcados pelas vitórias, as derrotas também os constituem.

Chamou-me a atenção a entrevista de uma skatista que disse: “É grande. Tento tudo, só que na hora eu erro”.

A alegria com as conquistas dos nossos atletas é grande, e parece que fomos campeões do mundo no futebol. Temos a oportunidade de acompanhar os jogos em sua plenitude: vemos gente se despedindo, gente em plena competição e novos ídolos se firmando.

É difícil não ser injusto ao lembrar de alguns nomes em detrimento de outros. Mas dentre os mais citados está Rebeca Andrade, que se tornou a maior medalhista da história do Brasil. A ginasta conquistou quatro medalhas: uma de ouro, duas de prata e uma de bronze.

Outra que ganhou destaque foi a judoca Beatriz Souza, que garantiu o nosso primeiro ouro. Ela é uma jovem exuberante que chorou copiosamente após sua vitória, lembrando a perda recente da avó.

No campo, tivemos a ausência do futebol masculino e a campanha extraordinária da Seleção feminina, que deixou pavimentada a estrada para o próximo Mundial aqui no Brasil.

Publicado na edição n° 1324 de CartaCapital, em 21 de agosto de 2024.

Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título ‘E acabou Paris 2024’

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Última Atualização: 15/08/2024