Em entrevista recente à emissora norte-americana CBS, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, rebateu a alegação de que os russos não querem um cessar-fogo, afirmando que os impeditivos para o fim da guerra vêm da Ucrânia, com o apoio da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
Segundo Lavrov, a Rússia busca um “equilíbrio de interesses” nas negociações com os Estados Unidos e a Ucrânia e mantém disposição para “negociações sérias e respeitosas”. Ao contrário da Ucrânia, destaca Lavrov, que “fala apenas pela imprensa”.
O diplomata russo afirmou que as negociações com o governo norte-americano estão “caminhando na direção certa”, impulsionadas pelo reconhecimento, por parte do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, dos erros cometidos pela OTAN e das violações dos direitos russos na Ucrânia, especialmente na região de Donbas. Lavrov elogiou o plano de cessar-fogo proposto por Trump, mas ressaltou a necessidade de garantias firmes de que a Ucrânia não utilizará o tempo de trégua para reconstruir seu aparato militar.
Durante a entrevista, Lavrov também negou que os militares russos ataquem civis. O diplomata rebateu que essa é, na verdade, a política de Vladimir Zelensqui, enquanto o exército russo tem apenas alvos militares.
“Moscou mira objetivos militares ou locais civis utilizados para fins militares”, afirmou Lavrov.
“Jamais atacamos conscientemente locais civis, ao contrário do regime de Zelensqui”, finalizou o diplomata.
Sobre a possibilidade de a Ucrânia aceitar um cessar-fogo mediado pelos EUA, Lavrov explicou:
“Não é uma pré-condição. É a lição aprendida depois de, pelo menos, três vezes em que acordos semelhantes foram violados pelo regime ucraniano com apoio de capitais europeias e do governo Biden”, afirmou o diplomata, diferenciando o governo de Joe Biden do de Donald Trump.
Durante a entrevista, Lavrov colocou bastante ênfase no fato de que “a Crimeia é um fato consumado”, alegando que o território russo está fora de qualquer mesa de negociações:
“A Rússia não negocia o seu território”, completou, elogiando a postura de Trump ao reconhecer que a Crimeia pertence à Rússia.
Após ser questionado sobre a Crimeia, o diplomata russo também rebateu as acusações do imperialismo de que a Rússia estaria desenvolvendo armas nucleares para serem utilizadas no espaço. Disse que tais acusações são fruto da disseminação de notícias falsas, acrescentando que a própria Rússia apresentou um tratado na ONU proibindo o desenvolvimento de armamentos nucleares espaciais — proposta que, segundo Lavrov, foi recusada pelos norte-americanos.
Ao ser questionado sobre o “controle de armas”, Lavrov destacou que a diplomacia russa sempre esteve aberta a negociar, mas lembrou que “foram os Estados Unidos que romperam o processo de fortalecimento da estabilidade estratégica”.