Militares e civis respondem pela tentativa de golpe de Estado

Confira os depoimentos ao STF, transmitidos pela TV Justiça

Por Clara Fagundes*, no site do Cebes

A TV Justiça transmite ao vivo depoimentos dos réus denunciados pela tentativa de golpe de Estado, que buscava desacreditar o sistema eleitoral e manter Jair Bolsonaro (PL) na Presidência, após a vitória do presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT). Confira a gravação do primeiro dia de interrogatório,

Apontado pela PGR como o líder da organização criminosa, Jair Bolsonaro reconheceu nesta tarde, 10/6, ao ser questionado sobre a minuta de golpe de Estado, que participou de reunião para discutir “alternativas na Constituição”.

Segundo depoimento do seu ajudante-de-ordens, tenente-coronel Mauro Cid, o documento foi editado por Bolsonaro.

Bolsonaro negou conhecer conteúdo de mensagens recuperadas de seu celular e minimizou suas falas contra a Democracia, alegando estar acostumado à “liberdade de expressão” que tinha como deputado.

O ex-presidente renegou a participação nos atos de 8 de janeiro e buscou se distanciar do plano de assassinar autoridades, incluindo Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre Moraes. Os assassinatos estavam previstos no plano “Punhal Verde e Amarelo”.

Segundo inquérito da Polícia Federal, o plano foi impresso no Palácio do Planalto pelo general Mario Fernandes, que era secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência no governo Bolsonaro.

O general Augusto Heleno, ministro chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) durante o governo Bolsonaro, usou o direito constitucional ao silêncio e só respondeu as perguntas da Defesa.

Em resposta à pergunta de seu advogado sobre atividades ilegais, respondeu que “não teve oportunidade”.

Heleno minimizou fala em reunião gravada em julho de 2022, alegando se tratar de “discurso figurado”.

Na reunião, cuja gravação foi encontrada pela Polícia Federal no celular do ajudante-de-ordens Cid Mauro, o general Heleno disse que era preciso “agir contra determinadas instituições e contra determinadas pessoas”. “Se tiver que virar a mesa, é antes das eleições. O que tiver que ser feito tem que ser feito antes das eleições. Se tiver que dar soco na mesa é antes das eleições. Se tiver que virar a mesa é antes das eleições”.

Réus da Ação Penal 2668

São réus do núcleo 1 da ação penal 2668:

  • ex-capitão Jair Bolsonaro (ex-presidente)
  • general Braga Netto (ex-ministro da Casa Civil e da Defesa)
  • general Heleno Augusto (ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional – GSI)
  • Anderson Torres (ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do DF)
  • almirante Almir Garnier (ex-comandante da Marinha)
  • general Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa)
  • deputado Alexandre Ramagem (ex-diretor-geral da ABIN)
  • tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência

Da arrogância à covardia

Para o presidente do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes), Carlos Fidelis, chama atenção a covardia dos militares, antes arrogantes.

“Não é à toa que nenhum dos autores intelectuais da tentativa fracassada estavam presentes no atos de 8 de janeiro”, recorda Fidelis. “Bolsonaro saiu do país, deixando a tarefa de acender o pavio para fanáticos, usados com bucha de canhão”.

“Cabe ressaltar, para reflexão daqueles que ainda seguem Bolsonaro o fato de seu líder, que antes vociferava contra o STF e contra Alexandre de Moraes, pedir desculpas por ter insinuado que os ministros receberam dólares ilegais. As atitudes vão do cinismo ao patético. Estamos diante de um grupo visivelmente amedrontado, antes liderados por uma figura pública que se colocava como mito e que hoje se mostra pusilânime e preocupado unicamente com a própria pele”, avalia Fidelis. É um “salve-se quem puder”, resume.

CPI imputou a Bolsonaro crimes contra a Saúde Coletiva

As omissões e ações de Bolsonaro na Presidência da República, incluindo a demora na aquisição de vacinas, incitação a hesitação vacinal e minimização do impacto da covid-19, estão associadas à alta mortalidade da pandemia de covid-19 no Brasil.

Relatório de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) atribuiu a Bolsonaro, em 2021, os crimes de prevaricação; charlatanismo; epidemia com resultado morte; infração a medidas sanitárias preventivas; emprego irregular de verba pública; incitação ao crime; falsificação de documentos particulares; crime de responsabilidade e crimes contra a humanidade. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, pediu arquivamento das acusações.

Reportagem: Cebes/Clara Fagundes

Apontado pela PGR como chefe da organização criminosa, Bolsonaro está prestando depoimento nesta tarde
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Last Update: 10/06/2025