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A cubana-americana Liyian Páez, moradora de Miami, declarou-se “completamente traída” pela administração Trump após a deportação repentina de seu marido, o também cubano Alían Méndez Aguilar, de 28 anos. Em entrevista à emissora hispânica Univisión, Liyian revelou que não recebeu nenhum aviso prévio sobre a decisão e que o marido foi removido do país no fim de abril, após ser detido durante uma entrevista de rotina com agentes de imigração.

“A advogada me entregou um envelope amarelo com os pertences dele, e eu fiquei perguntando o que estava acontecendo e onde estava o meu esposo”, contou.

Aguilar não possuía antecedentes criminais e vivia legalmente sob supervisão migratória desde 2020. O casal tem uma filha de três anos e cuidava também do filho mais velho de Liyian, que tem deficiências severas. O cubano buscava regularizar sua situação com base no casamento, o que é previsto pela lei de imigração dos EUA.

Voto em Trump, decepção em casa

Liyian é cidadã americana e apoiadora declarada do Partido Republicano. Nas eleições presidenciais passadas, votou em Donald Trump. Agora, vê sua vida pessoal implodir pelas mãos do mesmo governo que ajudou a eleger.

“Pensei que, com o mandato do presidente, só criminosos seriam deportados. Estou profundamente decepcionada”, afirmou à Univisión.

A frustração da cubana não é isolada. Ela se junta a um número crescente de latino-americanos que apoiaram Trump acreditando em promessas de “ordem” e “justiça”, mas que agora enfrentam as consequências diretas de políticas migratórias implacáveis e, muitas vezes, indiferentes às nuances familiares e legais.

Transferência algemado, denúncia de maus-tratos

Já em Cuba, Aguilar relatou que passou por três centros de detenção nos EUA antes da deportação. Segundo ele, a condução foi brutal. “O traslado é muito ruim. Você vai algemado nos pés, na cintura e nas mãos”, disse, descrevendo um processo em que nenhum direito foi explicado, tampouco lhe foi dada oportunidade de comunicar-se com sua esposa antes da deportação.

Aguilar havia chegado aos Estados Unidos em 2019, solicitando asilo político. No ano seguinte, foi emitida uma ordem de deportação, mas Cuba se recusou a recebê-lo. Com isso, passou a viver sob supervisão do ICE (Serviço de Imigração e Controle de Alfândegas dos EUA), enquanto iniciava o processo de solicitação do green card através de Liyian.

Separação, vulnerabilidade e desespero

Com o marido fora do país, Liyian afirma que não sabe como manterá o emprego e cuidará sozinha das duas crianças, especialmente do filho com deficiência. Após a deportação, ela viajou com a filha até Cuba para visitar Aguilar. Agora, luta para sensibilizar políticos locais, buscando apoio para reverter a decisão ou, ao menos, reduzir o período de reentrada do marido.

De acordo com o Departamento de Imigração dos EUA, deportados podem ficar proibidos de entrar no país por até 10 anos, mas Aguilar, por estar com um processo legal em andamento, poderá pleitear um “perdão” após cinco anos; o que, se aceito, reduziria o tempo de afastamento pela metade.

Enquanto isso, o casal vive um drama que mistura burocracia, política e abandono institucional, bem distante da promessa de segurança seletiva que Trump fazia aos seus eleitores. Para Liyian, a realidade bateu à porta de forma devastadora: “Acho que ninguém está realmente seguro aqui. Nem mesmo quem faz tudo certo.”

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Last Update: 28/05/2025