Nesta quinta-feira (3), foram divulgados em vários órgãos de imprensa quais seriam os termos da nova proposta de cessar-fogo para a guerra em Gaza.

Conforme noticiado pela emissora libanesa Al Mayadeen, a nova proposta seria uma versão modificada de proposta apresentada anteriormente por Steve Witkoff, enviado especial dos Estados Unidos para o Oriente Médio.

Dentre os termos, teria sido proposto um cessar-fogo de 60 dias. Constaria também que Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, se comprometeria a garantir a continuidade da trégua.

Durante esse período, seriam iniciadas negociações para estender o cessar-fogo para além dos 60 dias e para alcançar um fim definitivo da guerra.

“Israel”, por sua vez, teria concordado com retomar negociações para terminar a guerra após os 60 dias, mas com certas condições (as quais ainda não foram especificadas). No entanto, a entidade genocida não se comprometeu a pôr fim a sua agressão criminosa contra Gaza.

No que diz respeito à soltura de prisioneiros, teria sido a proposta para que oito prisioneiros israelenses sejam liberados no primeiro dia do cessar-fogo, e mais dois no 50º dia. 

Além disso, cinco corpos de prisioneiros israelenses que morreram graças aos bombardeios de “Israel” seriam liberados no sétimo dia, e outros cinco no 30º dia. No último dia da trégua, outros oito corpos seriam liberados.

Não foi especificado o número de reféns palestinos que seriam libertados em troca.

Quanto à retirada das tropas israelenses, foi informado pelo jornal libanês Al-Akhbar que um dos termos da proposta é que os militares sionistas recuem para as posições em que eles estavam antes de “Israel” ter quebrado unilateralmente o último cessar-fogo, em março. Isto é, que ele se retirem do Corredor Netzarim (faixa de terra que atravessa o meio de Gaza), ficando apenas no Corredor Philadelphi (faixa de terra na fronteira de Gaza com o Egito).

No que se refere à entrega de ajuda humanitária, mecanismos da Organização das Nações Unidas (ONU) seriam reativados para “garantir o fornecimento ininterrupto”. Nenhuma menção teria sido feita à tal Fundação Humanitária de Gaza (GHF). 

Algumas palavras sobre esta organização: ela foi estabelecida após a retomada da guerra e após a fome se generalizar para todos os palestinos de Gaza e dezenas de crianças palestinas começarem a morrer de fome. Sob o controle dos Estados Unidos e de “Israel”, vigiada por mercenários norte-americanos e por tropas das forças de ocupação, essa organização estabeleceu centros para provocar o deslocamento forçado de palestinos, de forma a facilitar a invasão sionista a Gaza, bem como controlar a entrada de comida e ajuda humanitária, utilizando a fome como arma de guerra contra a Resistência Palestina. 

Como isto não funcionou, os mercenários norte-americanos e os militares israelenses vêm perpetrando massacre diários contra palestinos que chegam a esses centros em busca de comida e ajuda. Mais de 652 palestinos já foram assassinados nesses massacres, sendo que o número de feridos já ultrapassa 4.537, tudo enquanto crianças palestinas continuam sendo mortas de fome por “Israel”.

Sobre a nova proposta de cessar-fogo, um porta-voz do Hamas, Jihad Taha, declarou à emissora libanesa Al-Manar que “o Hamas está encarando as propostas que lhe foram apresentadas com espírito de positividade e flexibilidade, de forma a servir os interesses do nosso povo, suas causas nacionais e humanitárias, e a levar ao fim da agressão”.

O porta-voz acrescentou que o partido “está realizando consultas com as facções da resistência palestina para formular uma posição palestina unificada, além de manter uma série de reuniões e contatos regionais para garantir o sucesso dos esforços destinados a interromper a agressão e obrigar a ocupação a cumprir o que for acordado, sem manobras ou adiamentos”.

No dia anterior (quarta-feira, 2), o Dr. Kamal Abu Aoun, membro do birô político do Hamas, afirmou que a liderança do partido “continua seus esforços intensivos e contínuos, dia e noite, com várias partes, com o objetivo de chegar a um acordo abrangente que leve à cessação total da agressão contra Gaza. Ele destacou a postura positiva do movimento em relação às iniciativas e propostas apresentadas pelos mediadores”.

Na mesma declaração, ele enfatizou que “o povo palestino em Gaza desempenhou um papel central em frustrar as tentativas sionistas de impor uma administração suspeita que não representa seus interesses nem seus valores, o que comprova que todos os projetos de segurança do ocupante em Gaza estão destinados ao fracasso e à responsabilização revolucionária”.

Em outra declaração, o Hamas informou que vem realizando “uma série de reuniões de alto nível com autoridades na Turquia Como parte de seus esforços políticos e diplomáticos para pôr fim à contínua agressão sionista contra nosso povo na Faixa de Gaza”.

Segundo o portal de notícias The Cradle, espera-se uma resposta do Hamas nesta sexta-feira (4).

Paralelamente às tratativas para um cessar-fogo, a extrema direita israelense defendeu abertamente que a Cisjordânia ocupada seja anexada antes da visita de Benjamin Netaniahu aos EUA.

Conforme informado The Cradle, 14 ministros do Likud (partido de Netaniahu) e o presidente do Knesset (parlamento israelense) pediram a anexação total da Cisjordânia ocupada, pressionando para que a decisão seja aprovada ainda na atual sessão parlamentar (que vai até 27 de julho próximo).

Os sionistas propõem essa medida como resposta ao 7 de outubro e em rejeição à solução de dois Estados, alegando estar em momento estratégico favorável e contar com apoio de Donald Trump. 

A carta, que foi publicada por Bezalel Smotrich, exige a aplicação imediata da ditadura israelense sobre toda a região. Ron Dermer, ministro de Assuntos Estratégicos, não teria assinado a petição, mas o comentarista israelenses Yaakov Bardugo afirmou que esse tema pode se tornar central na visita de Netaniahu aos EUA. 

Quanto ao desenvolvimento da situação política em “Israel”, a emissora norte-americana Bloomberg noticiou que os comentários de Trump impulsionaram crescentes apelos de todo o espectro político de “Israel” para o encerramento do julgamento contra Benjamin Netaniahu.

Em suas redes sociais, Trump vem defendendo o fim do processo, afirmando que Netaniahu é um herói.

Bloomberg informou que no centro da discussão está o presidente israelense Isaac Herzog, que detém a autoridade para conceder o perdão presidencial, que estaria negociando com o presidente do Supremo Tribunal de “Israel”, Aharon Barak, um fim do processo. Conforme Bloomberg, Barak disse em entrevista recente ao jornal israelense Makor Rishon que não se importa se será por esse método (perdão presidencial) “ou por uma barganha, o principal é que cheguemos a um acordo“.

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Last Update: 04/07/2025