O futuro do comércio mundial tem apontado para uma mudança no modo como os negócios são fechados. A cada ano que passa, o dólar é mais contestado enquanto moeda hegemônica para transações, ainda por cima quando fica vantajoso utilizar a moeda local. Um empresário brasileiro, Caito Maia, fundador e CEO da Chilli Beans, deu um importante passo nesse sentido e substituiu o pagamento em dólar para seus fornecedores chineses pela moeda local, o renminbi.
Ao podcast “De frente com CEO”, da Exame, ele reforçou que a mudança veio para ficar. Segundo Maia, a troca pela negociação em moeda chinesa trouxe ganhos para a Chilli Beans, empresa do ramo de óculos e acessórios que logo completará três décadas. A iniciativa foi colocada em prática após os Estados Unidos entrarem em guerra comercial com China e com o restante do mundo.
Os benefícios, como informa, passam por uma maior inserção no mercado asiático e pelo ganho cambial, o que permite à empresa se tornar ainda mais competitiva no cenário internacional. O CEO, que projeta expansão de lojas pela Ásia, já levou a marca para a Indonésia, onde há 10 locais de venda dos óculos.
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Além de destacar a compra de fornecedores chineses em renminbi, Maia reforça que fazer negócios com a China é extremamente positivo. Em seu relato, afirma que o mercado chinês “apadrinhou” seu projeto e que tem os mesmos parceiros comerciais há 25 anos. Como diz, a relação mantida é de “ganha-ganha, saudável, ética e bacana” e que a Chilli Beans só chegou ao atual patamar porque a China “ajudou” e “acreditou” no projeto.
A empresa brasileira, popular no ramo de óculos escuros e acessórios, e que agora também atua no ramo de óticas, fatura cerca de R$ 1,4 bilhão por ano.
O relato de Caito é fundamental para combater a esparrela bolsonarista contra a China. Enquanto a extrema direita é enganada e se alinha ideologicamente a Donald Trump, ‘no mundo real’, os empresários faturam em acordos com os chineses – que são os maiores parceiros comerciais do Brasil há 15 anos.
E se depender do gigante asiático, parte dos produtos brasileiros que são alvo do “tarifaço” dos EUA poderão aportar no país, aprofundando ainda mais essa relação benéfica. Uma das provas concretas desse auxílio mútuo foi a habilitação de 183 novas empresas brasileiras de café para exportarem à China. Também houve a declaração do porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Guo Jiakun, que salientou que Pequim está disposto a trabalhar com o Brasil e demais países da América Latina.