O ex-presidente Jair Bolsonaro na casa onde cumpre prisão domiciliar, em Brasília. Foto: Gabriela Biló/Folhapress

As duas semanas de julgamento no Supremo Tribunal Federal sobre a tentativa de golpe de Estado colocaram Jair Bolsonaro e seus aliados em posição de tensão. Enquanto o PL pressiona por uma anistia aos condenados do 8 de Janeiro, o Centrão adota cautela e deixa claro que não pretende entregar esse perdão sem contrapartidas políticas concretas.

Segundo o Estadão, o principal ponto em negociação é a sucessão presidencial. Líderes de partidos de direita avaliam que Bolsonaro só terá o apoio necessário se endossar o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), como candidato ao Palácio do Planalto em 2026. A ideia é transformar o indulto ou a anistia em moeda de troca, vinculando o futuro político do ex-presidente ao fortalecimento do nome do aliado.

Apesar dos acenos públicos, como a declaração recente do governador paulista de que seu primeiro ato como presidente seria indultar Bolsonaro, as lideranças do Congresso ainda avaliam os riscos. Aprovar uma anistia nesse momento poderia desgastar ainda mais a relação com o STF, que acompanha de perto o clima no Legislativo e a reação da opinião pública.

Num encontro nesta segunda (1º), Tarcísio se reuniu com Marcos Pereira, presidente do Republicanos. O café da manhã foi registrado em uma postagem nas redes sociais com a palavra “anistia” como destaque, e recebeu apoio de dirigentes do União Brasil e do PL.

O ex-presidente Jair Bolsonaro e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Foto: Andre Penner/AP

Líderes do Centrão afirmam que uma eventual anistia só deve ser discutida depois do julgamento e que Bolsonaro precisa aceitar limites. Um dos principais recados enviados ao ex-presidente foi de que sua inelegibilidade dificilmente será revertida. A mensagem é clara: perdoar a condenação criminal não significa devolvê-lo ao páreo eleitoral.

“Bolsonaro e seus filhos precisam entender que não dá para garantir a presença dele na eleição do ano que vem”, disse um aliado do ex-presidente no Centrão ao Blog do Valdo Cruz no g1. Políticos próximos a ele recomendam que aceite a negociação agora, porque um eventual indulto após as eleições de 2026 pode ser arriscado, por ter grandes chances de ser considerado inconstitucional.

Outra possibilidade em discussão é a redução de pena, caso a anistia não avance no Congresso. Essa alternativa é vista como menos polêmica e poderia ser apresentada como saída intermediária, capaz de aliviar a pressão sem desafiar frontalmente o STF. O Centrão, no entanto, mantém a posição de não acelerar qualquer medida durante o período do julgamento.

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Last Update: 02/09/2025