Ilustração de abuso sexual infantil

As denúncias de abuso e exploração sexual contra crianças e adolescentes quase triplicaram no Brasil, saltando de 6.380 em 2020 para 18.826 em 2024, alta de 195%, segundo dados do Ministério dos Direitos Humanos compilados pelo g1. O pico de notificações ocorre às vésperas do 18 de Maio, Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual Infantil, instituído pela Lei 9.970/00 em memória de Araceli Crespo, assassinada em 1973. Hoje, “13 crianças e adolescentes são vítimas de algum tipo de violência sexual, física ou psicológica a cada hora”, de acordo com o Atlas da Violência 2025.

Para a secretária-executiva do Comitê Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual, Karina Figueiredo, os números refletem maior visibilidade do tema: “Com o aumento das campanhas, cada vez se fala mais do tema, as pessoas denunciam mais. Não necessariamente que acontece mais”. Ainda assim, são mais de 115 mil vítimas por ano, revelam Ipea e Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Casos como o de Mona Lisa Nascimento, conselheira tutelar no DF, humanizam a estatística. Abusada dos 6 aos 12 anos pelo padrasto, ela relata à GloboNews que o medo de “destruir a família” e as ameaças silenciaram a denúncia por anos, até que o avô percebeu que ela “perdeu o brilho no olho”. Hoje, Mona Lisa atua para que outras crianças não passem pelo que sofreu.

Denúncias de abuso e exploração sexual contra crianças e adolescentes pelo Disque 100 até 13 de maio de 2025. Foto: Reprodução/Globo News

O ambiente digital transformou-se em fronteira crítica. De janeiro de 2022 a março de 2025, a Polícia Federal realizou 2.233 operações contra crimes on-line de abuso sexual infantojuvenil; apenas entre janeiro e abril deste ano, 612 foragidos foram presos. Investigadores se infiltram em plataformas como Discord para deter chantagens com fotos íntimas, indução à automutilação, estupro virtual e incitação ao suicídio.

Entre 2024 e o primeiro trimestre de 2025, 113 vítimas foram resgatadas dessas redes. “A gente vê que os padrões se repetem”, observa Mona Lisa, lembrando sua própria história: famílias vulneráveis, dependência econômica e o silêncio imposto pelos agressores ainda perpetuam o ciclo de violência.

Com a 25ª mobilização do 18 de Maio, órgãos públicos e entidades sociais reforçam canais como o Disque 100 e o aplicativo Direitos Humanos Brasil, incentivando denúncias anônimas. O ministério destaca que quebrar o silêncio continua sendo a principal arma para frear o avanço desses crimes—e evitar que mais meninas e meninos tenham o futuro interrompido pelo abuso.

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Last Update: 18/05/2025