
Estudantes do Mackenzie, universidade e colégio no bairro do Higienópolis, Zona Oeste de São Paulo, têm colado cartazes com referências à Ku Klux Klan, organização supremacista dos Estados Unidos, e ao ex-presidente Jair Bolsonaro dentro da instituição e nas redondezas. A iniciativa gerou revolta dos demais estudantes, que organizam protestos.
As imagens com referências ao grupo extremista mostram algumas figuras sendo enforcadas, junto do logo da faculdade e a mensagem: “Deus, Pátria e Família”. As folhas impressas foram colocadas em mais de um lugar do campus.
Já o cartaz com Bolsonaro convoca estudantes contra “comunistas” em universidades. A montagem faz referência a uma imagem do Tio Sam, personificação dos Estados Unidos, que foi distribuída para jovens americanos nos anos 1910 para convencê-los a se alistar ao Exército durante a Primeira Guerra Mundial.
“Está cansado dos comunistas na sua universidade? Precisamos de você! Entre no grupo e venha libertar o Mackenzie”, diz a imagem, com um QR Code que leva a um grupo de WhatsApp intitulado “Mackenzie Raiz”, cujo ícone é uma bandeira do Brasil.

O grupo tem ao menos 100 usuários e foi criado em março deste ano. Não se sabe quando os cartazes com a convocação e o QR Code começaram a ser distribuídos.
“A universidade tem feito de tudo para tirar política de dentro, apesar de ter historicamente um perfil mais conservador. Desde o período Bolsonaro, que teve muita confusão, o pessoal tá tirando tudo de política, sendo de esquerda ou direita”, disse um professor do Mackenzie em condição de anonimato.

Após os cartazes serem encontrados e as imagens compartilhadas em grupos de WhatsApp, alunos da FESPSP (Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo) estão organizando protestos na entrada da unidade do Mackenzie, localizada na Rua da Consolação. Uma manifestação foi agendada para a próxima segunda-feira (2), às 12h.
Segundo uma aluna da faculdade, que preferiu não se identificar, existem “muitos núcleos direitistas no Mackenzie e ninguém faz nada”. Em grupos de estudantes, há a sugestão de que, além do protestos nas ruas, os jovens também promovam ações de “panfletagem”.
Estudantes da FESPSP se mobilizam para conversar com o DCE (Diretório Central dos Estudantes) e a UJS (União da Juventude Socialista) para organizar os atos.