A secretária de Relações Internacionais do PCdoB, Ana Prestes, foi enfática ao comentar a carta pública divulgada nesta quarta-feira (28) que exige do governo brasileiro a adoção de sanções duras contra Israel. O documento, que pede o embargo à exportação de petróleo, o rompimento do tratado comercial e a suspensão de relações diplomáticas, marca os 600 dias do massacre na Faixa de Gaza e é assinado por artistas, intelectuais, parlamentares e entidades sociais.

“A carta é mais uma iniciativa extremamente importante para denunciar o genocídio do povo palestino e a limpeza étnica promovida por Israel em Gaza. É também uma pressão legítima para que o governo brasileiro vá além das palavras e adote medidas concretas de retaliação”, declarou Ana Prestes, que também é signatária.

Ela lembrou que, após quase dois anos de ataques contínuos, até mesmo países da União Europeia passaram a adotar sanções contra o governo de Benjamin Netanyahu. “É a primeira vez que há uma ação coordenada na Europa nesse sentido. Está cada vez mais claro para o mundo inteiro que, sem ações duras, Israel vai eliminar um povo inteiro, seja pelo assassinato, seja pela expulsão”, afirmou.

“Não há mais espaço para diplomacia simbólica”

Para Ana Prestes, o mundo se aproxima de um ponto de ruptura que exige respostas firmes da comunidade internacional. “Como disse o chanceler da China, ou são feitas ações concretas ou todos seremos testemunhas da maior tragédia humanitária do século XXI”, advertiu.

A dirigente comunista reiterou que não basta mais gestos simbólicos. Segundo ela, medidas como a suspensão da venda de armas, embargo energético, fim de acordos comerciais e a retirada de embaixadores são instrumentos legítimos do direito internacional diante de crimes de guerra e genocídio.

“Ou se age agora, ou se continuará assistindo pela televisão o fim de um povo inteiro. O tempo da diplomacia conciliatória acabou. É hora de ações duras”, enfatizou.

Carta denuncia cumplicidade do comércio brasileiro com o massacre

A carta organizada pela campanha BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções) denuncia que o Brasil continua exportando petróleo e mantendo acordos militares com Israel, mesmo após a decisão da Corte Internacional de Justiça (CIJ) que responsabiliza Estados por omissão frente a genocídios.

Assinada por nomes como Chico Buarque, Carol Proner, Milton Hatoum, Emir Sader, Vladimir Safatle, além de movimentos como a CUT, UJS, UBM e a Federação Árabe Palestina do Brasil, a carta exige que o país “rompa relações diplomáticas e comerciais com o Estado sionista de Israel”.

“Estamos convencidos de que é hora de nosso país dar o exemplo de cumprimento do direito internacional, especialmente no contexto de sua liderança em fóruns globais como o G20 e o grupo de trabalho da ONU sobre a criação de um Estado Palestino”, diz o texto.

Sanções são dever legal e moral, dizem signatários

Os signatários lembram que o Brasil apoiou resoluções da ONU e decisões da CIJ que impõem obrigações concretas aos países diante do genocídio em curso. “O regime de ocupação e apartheid israelense é um fato. Cabe aos Estados romperem relações econômicas e diplomáticas até que Israel cumpra o direito internacional”, afirmam.

Além de Ana Prestes, parlamentares como Erika Hilton, Guilherme Boulos, Fernanda Melchionna e Henrique Vieira reforçam a demanda por medidas que superem a retórica e tenham efeito real na contenção da violência.

“Essas medidas, se adotadas por nosso país e sob uma liderança da envergadura do Brasil, certamente servirão de exemplo a outros governos. Uma onda de solidariedade efetiva é necessária para pôr fim a essa carnificina”, conclui o documento.

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Last Update: 28/05/2025