Carta Brasil 2000 (I)
por Izaías Almada
No ano de 2000, quando o Brasil comemorou os seus quinhentos anos de existência, foi criado o PRIMEIRO FÓRUM NACIONAL DA IDENTIDADE BRASILEIRA.
O que foi esse Fórum? Uma revista criada para explicar o evento assim nos responde à pergunta:
CONVITE AO POVO BRASILEIRO
A Civilização Brasileira Conselho Cultural (CBCC) e a Comissão Paulista para os 500 anos de Brasil da Secretaria de Estado da Cultura, com a participação da Turis Internacional Brasil, promovem o FÓRUM NACIONAL DA IDENTIDADE BRASILEIRA, anualmente realizável na quarta semana de Abril, com programações até outubro de eventos com múltiplas manifestações culturais.
O povo brasileiro, no conjunto das suas variedades naturais, distinções culturais e condições sociais, é o público alvo da proposta e, assim sendo, é também o especial convidado a participar do FÓRUM NACIONAL DA IDENTIDADE BRASILEIRA que neste ano de 2001será lançado em São Paulo no dia 26 de abril na Pinacoteca do Estado, encerrando-se no dia 31 de outubro no Memorial da América Latina.
O sertanista Orlando Villas Boas será o permanente vulto prestigiado nessa anual atividade político-cultural, e o Marechal Cândido Mariano da Silva será o homenageado desse PRIMEIRO FÓRUM NACIONAL DA IDENTIDADE BRASILEIRA.
Somados à emblemática figura de Orlando Villas Boas, Izaías do Vale Almada, Joel Rufino dos Santos, José Pereira de Queiroz Neto, depoentes, e Carlos Jacchieri, organizador da iniciativa, elaboraram a “Carta Brasil 2000 – 500 Anos na Formação da civilização Brasileira”, aprovada na Comissão Paulista para os 500 Anos de Brasil, da Secretaria de Estado da Cultura.
Declarando a maioridade da nacionalidade brasileira, a “CARTA BRASIL 2000” é o pontual documento histórico que justifica a instalação do FÓRUM NACIONAL DA IDENTIDADE BRASILEIRA, entendida e assumida socialmente, nos “seus bons e malefeitos que os cinco séculos cobriram, ou melhor, encobriram”, como tem dito e escrito Orlando Villas Boas.
O povo brasileiro, assumindo a iniciativa do FÓRUM NACIONAL DA IDENTIDADE BRASILEIRA, assume também a responsabilidade de enfrentar e resolver um importante e atual desafio:
– Como de fato e de direito se é brasileiro?
– O que quer dizer, em toda a verdade, ser brasileiro?
Assim, perante esse desafio, em todos os cantos do País, de leste a oeste, do Oiapoque ao Chuí, confirmaremos o hábito patriótico de repensar, de reconversar os feitos e os fatos da memória nacional, destacando as peculiaridades inerentes à formação histórica do nosso caráter sócio-cultural, isto é, a identidade de uma nova civilização brasileira.
Adquirida nas adaptações aos variados meios ecológicos, nos cruzamentos de heranças étnicas diversas, nos sincretismos de tradições espirituais distintas, a identidade nacional é um dado cultural inalienável, um bem social legítimo que garante a comunhão das gerações brasileiras, num espírito histórico próprio, que integra sua diversidade na unidade da humanidade, sua matriz.
A mundialização das conquistas científicas e tecnológicas e a globalização dos recursos e meios econômicos nivelam num mesmo mercado de bens e serviços sociais os povos mais diversos em sangue étnico e tradições sociais. Fato real esse que, no entanto, não impede que se assuma uma identidade nacional própria, mas, certamente obriga à negação de nacionalismos ideológicos retrógrados.
Nos depoimentos da “CARTA BRASIL 2000” seus autores apontam temas relevantes, atualíssimos, para a confirmação da plena consciência de nossa comum brasilidade, necessária à definitiva afirmação de uma ética nacional e uma moral pública, na garantia dos plenos direitos e deveres da cidadania política, da democracia social, para todos os brasileiros, que por isso e para isso, sejam quais forem seus meios de convivência e condições de sobrevivência, são aqui convidados a participar em corpo e alma do FÓRUM NACIONAL DA IDENTIDADE BRASILEIRA.
Marcos Mendonça
Secretário de Estado da Cultura
Orlando Villas Boas
Presidente de Honra do CBCC
(CONTINUA)
Izaías Almada é romancista, dramaturgo e roteirista brasileiro nascido em BH. Em 1963 mudou-se para a cidade de São Paulo, onde trabalhou em teatro, jornalismo, publicidade na TV e roteiro. Entre os anos de 1969 e 1971, foi prisioneiro político do golpe militar no Brasil que ocorreu em 1964.