Carta aberta de israelenses latino-americanos ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e aos seus ministros
Nós, cidadãos israelenses latino-americanos, por ocasião dos 77 anos de Israel, nos identificamos mais que nunca com a Magna Carta do Estado de Israel (Meguilat Haatzmaut de 15 de Maio de 1948). Porque seus princípios republicanos, que asseguram a existência e a soberania nacional dos judeus e os direitos das minorias étnicas e religiosas, respeitados democrática e igualmente até há pouco tempo perante a lei, são hoje intencional e criminosamente consumidos. Precisamente, o ‘7 de outubro’ e o desenrolar da guerra em Gaza, a mais longa e fracassada de Israel desde 1948, nos impele a publicar esta Carta Aberta.
Não podemos nos calar mais nesse Yom Haatzmaut.
* Denunciamos a amoralidade de Netanyahu e de seus ministros pela deliberada e intencional demora em negociar a libertação dos 59 reféns (entre vivos e mortos) em Gaza, com o propósito de manter a coalizão de extrema direita para se perpetuar no poder.
* Repudiamos a Netanyahu e seu governo que bloqueia todas iniciativas para constituir a comissão desinteressada com objetivo de investigar a responsabilidade pela tragédia do ‘7 de outubro’.
* Deploramos que Netanyahu e seu gabinete recorram a subterfúgios mentirosos e cínicos para se evadir da responsabilidade pelo ‘7 de outubro’.
* Protestamos veementemente contra a continuação da guerra em Gaza por meras razões políticas.
* Abominamos a indiferença do governo pelo destino dos poucos reféns vivos bem como pela morte de milhares de civis palestinos, principalmente crianças, que atenta contra nossos valores judaicos e humanistas.
* Condenamos o proveito contínuo da guerra para implementar políticas de anexação e expulsão de palestinos de suas terras na Cisjordânia mediante ações violentas e imorais dos colonos judeus.
* Exigimos o final da guerra, negociar o retorno imediato dos reféns, inserir alternativas políticas para substituir o Hamas em Gaza, que Netanyahu se opõe por razões políticas e ideológicas.
* Até mesmo o kahanismo soa hoje como um eufemismo que encobre e normaliza o crescente fascismo de partidos políticos e de vários setores da sociedade israelense. Como denominaremos a barbárie e a desumanização que ocorre em Israel após 77 anos de soberania e hoje celebra sua independência?
* Porém, mais urgente, hoje, é denominar a desobediência civil não violenta como um ato de lealdade patriótica e solidarizar-nos com a mãe de um soldado que declarou à imprensa: “Nossos filhos não lutarão em uma guerra messiânica imposta”.
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